Na exortação apostólica Evangelii Gaudium, Alegria do Evangelho, feita por nosso amado Santo Padre, Papa Francisco, há o termo cunhado “Igreja em saída”. Nessa exortação, o pontífice coloca todas as preocupações a respeito da Igreja e do mundo. Assim, ele desenvolve vários temas que têm ligação direta com a dinâmica pastoral e missionária de nossa Igreja.
O pontificado do Papa Francisco é marcado pelo convite a uma “Igreja em saída”, que anseia ver a igreja em uma nova experiência de fé cristã missionária, fundamentada pelo Evangelho, fazendo com que a Palavra de Deus chegue a todos. Por isso, “hoje todos somos chamados a esta nova saída missionária”. (EG 20), sem medo de enfrentar os desafios que há na missão evangelizadora. Sair do aspecto de que a igreja é apenas o edifício, assumir que a Igreja é cada um de nós.
Nesse momento de pandemia, seguindo o potencial da Igreja em saída, Papa Francisco nos convida à Missão da “Igreja doméstica”, baseado no Catecismo da Igreja Católica. Na Bíblia, já está presente em São Paulo: no final da 1ª Carta aos Coríntios, ao enviar saudações, inclui esta: “Áquila e Prisca, com a comunidade que se reúne em sua casa, enviam-vos muitas saudações” (16,19). Pois a comunidade eclesial é o conjunto de famílias cristãs. Francisco afirma: “a Igreja é família de famílias, constantemente enriquecida pela vida de todas as igrejas domésticas. Em virtude do sacramento do matrimônio, cada família torna-se, para todos os efeitos, um bem para a Igreja”.
Esse obstáculo da pandemia não deve impedir o agir audacioso dos seguidores de Jesus, inseridos em um corpo familiar. Francisco completa: “Lucas entendia que se a comunidade quisesse ser discípula do Cristo, deveria seguir seus passos. Enxergar a realidade problemática, como Cristo enxerga, sem desânimos, pois ninguém pode empreender uma luta se de antemão não está plenamente confiado no triunfo. Quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e enterra seus talentos”.
Além da evangelização da família e em família, que possamos usar nossas redes sociais para construir pontes, pontes invisíveis entre as pessoas que estão em isolamento social em casa, mas precisamente por isso mais dispostas à comunicação, à informação, portanto, sujeitas à influência das palavras. Assim, evangelizar, ser Igreja em saída.
Por causa da Pandemia, as igrejas estão fechadas, porém as missões continuam, a comunhão com Cristo também, a comunhão espiritual, como foi proposta pelo Papa Francisco. Não poder receber a Eucaristia não significa não poder predispor-se a acolher Jesus no coração. Na história da Igreja existe uma antiga práxis, confirmada em particular pelo Concílio de Trento sobre a comunhão espiritual: uma oração exprime o desejo ardente, visto que não é possível receber a comunhão sacramental. Esta é a oração de Santo Afonso Maria de Ligório: “Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós”. Amém.
Verônyca Flores dos Santos Costa