A “nova” liturgia

Olá!

Você acha que o mundo ficou realmente paralisado por causa dessa tal pandemia?

– É claro que sim, Luiz, as ruas ficaram vazias em muitas metrópoles do mundo!

É verdade. Eu não fiquei cego a essa realidade. Mas vejo que esse aparente castigo sobre a humanidade, ao invés de paralisar, impulsionou-nos para uma nova realidade em meio ao caos, desafiando a lógica reinante.

Um “novo Adão” e uma “nova Eva” nasceram em muitos lugares onde a morte quis fazer morada. E nossas casas tornaram-se “novas arcas”. Nossas igrejas não se fecharam, apenas “mudaram de endereço”, com auxílio da tecnologia. Mudaram para dentro de nossas casas, confirmando que “igreja doméstica” não é apenas um conceito teórico, mas uma realidade que sobrevive desde o tempo dos primeiros cristãos. Novos ritos foram celebrados dentro de casa, reunindo-nos em comunhão com Deus e toda sua Igreja.

É claro que sentimos a falta dos sacramentos, especialmente da Eucaristia. Mas na história da Igreja há vários santos (e milhões de cristãos) que passaram longos períodos impossibilitados de receber os sacramentos, por diversos motivos.

Nossos sacerdotes não nos abandonaram, permaneceram presentes e unidos a suas comunidades por diversos meios, respeitando o necessário isolamento social. Nunca um Papa esteve tão presente em nossas casas. E nossos Bispos e Presbíteros, que às vezes encontrávamos apenas uma vez por semana (se tanto), todos os dias “batem a nossa porta” através dos meios de comunicação.

Pra ser sincero, isso não foi uma novidade, talvez nós já vivêssemos um tipo de “isolamento”, não permitindo a entrada dos mensageiros da Vida. Perdoe-me se não é seu caso, mas alguns de nós talvez tenham sido “obrigados” a mudar de canal. Afinal, gramados onde a bola rolava viraram desertos ou foram transformados em hospitais de campanha. E até as novelas tiveram suas gravações suspensas por segurança.

Em meio a tantas incertezas, uma certeza: a novidade é a Palavra de Deus. Assim como o sacrifício de Jesus na cruz foi único e se torna presente todos os dias através da Eucaristia, a Palavra de Deus, que é única, se revela a nós todos os dias como uma Boa Nova, desde que estejamos dispostos a escutar. Não apenas ouvir (no sentido físico), mas acolher. E esse acolhimento se materializa no cuidado com o próximo.

O período da Campanha da Fraternidade terminou, mas a Palavra de Deus permanece viva. E em meio à pandemia ecoa a parábola do bom samaritano (Lc 10, 25-37), resumida no lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.

Luiz Villela

celebrar2019@gmail.com

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