A Religiosidade Popular em torno da Virgem Maria

   É muito grande o amor que as pessoas têm pela Virgem Maria. Em sua intercessão, o povo deposita toda sua fé. Os fiéis sabem que podem ir diretamente a Jesus, mas na maioria das vezes eles se sentem muito pequenos e indignos de se dirigirem ao Senhor e por isso preferem lançar-se nos braços da Mãe, certos de que ela alcançará de Deus as graças de que eles tanto precisam.

   São homens, mulheres, crianças, jovens e idosos que recorrem à intercessão da Virgem sob uma infinidade de títulos.

   Para Alexandre de Lanna Reis, coordenador do Terço dos Homens na Paróquia Sagrada Família em Araxá, o terço é o precioso instrumento para se chegar ao coração de Maria.

  “Minha experiência em rezar o terço vem de minha mãe.  Quando eu era criança, tinha que acompanhá-la na vizinhança para rezar o terço com as famílias. Foi aí, de forma muito simples, que nasceu meu amor pela Virgem Maria. Quando me tornei adulto, tive a oportunamente de conhecer o Santuário de Nossa Senhora de Fátima em Portugal. Lá, rezei o terço na capela tal qual eu fazia quando criança, e desde então minha fé em Nossa Senhora, como minha intercessora, só aumentou. Em Araxá, recebi o honroso convite do Padre Márcio André, nosso pároco, para dar início ao Terço dos homens.  Uma vez por semana, rezamos o terço com a participação de vários homens. O que posso dizer e partilhar? É bom demais ter mãe! Nossa Senhora a todo instante nos dá sinais para comprovar que ela está a nosso lado, intercedendo junto ao Pai e, uma vez neste caminho, você não consegue retornar, pois o amor vicia, você fica dependente. Hoje, eu sou dependente do amor de nossa Mãe do céu. Quando eu era criança, eu obedecia a minha mãe da terra, agora que ela partiu, só me resta obedecer com prazer a minha Mãezinha do céu, que nas aparições de Fátima sempre pediu: “Rezem o terço”. Resumindo… eu obedeço ao pedido de Maria quando rezo o terço. Se você está precisando de uma graça, comece a rezar o santo terço para sentir e vivenciar as maravilhas que lhe são oferecidas por intercessão de Nossa Senhora. Ao contrário do que muitos pensam, homem também reza!

  Enquanto o grupo do Terço dos Homens se reúne para rezar uma vez a cada semana, Solange de Fátima Borges, da Paróquia de São Domingos de Gusmão em Araxá, descobriu o valor de rezar diariamente o rosário.

   “O Santo Rosário é uma oração poderosa que nos liberta de todos os traumas”, afirma a dona de casa Solange. “Quando iniciei a oração do Santo Rosário, senti-me totalmente protegida por Nossa Senhora, minha querida Mãe. Perseverando com a oração diária do Santo Rosário, sinto-me realizada espiritualmente, ao mesmo tempo que abraçada pela Virgem Maria.

  Meditando os mistérios do Santo Rosário, sou plenamente preenchida pelo Espírito Santo, assim como Isabel sentiu quando recebeu a visita de sua prima, a Virgem Maria. O rosário para mim é um alimento diário onde deposito minhas alegrias e tristezas, dores e angústias e sou consolada e amparada por essa Mãe amorosa”.

  Percebemos que Maria é uma grande catequista que ensina e motiva o povo a rezar a partir dos mistérios do Terço. As mensagens que Nossa Senhora deixa em suas aparições são sempre um convite especial à oração e principalmente à oração do terço. A Virgem de Salete em suas aparições motivou as mães a orarem por seus filhos. Em todo o país, têm se formado grupos de mães que oram pelos filhos. É um forte movimento de mães que se espelham em Maria e oram para que a Virgem e seu Filho conduzam a vida de seus filhos, auxiliando-os em suas conquistas e protegendo-os nas adversidades.

  “O terço das que oram pelos filhos é a maneira mais bonita das mães humanas terem intimidade com a mãe divina. Em nosso encontro semanal, partilhamos as alegrias, os sonhos, as tribulações e angústias. É uma mãe ajudando a outra a encontrar a verdadeira paz em Jesus Cristo. Nossos encontros estão abrindo caminhos para sermos fortes em nossa missão de mãe”, afirma Sandra Ribeiro, que coordena um grupo de mães em Araxá.

  Nas bodas de Caná da Galileia, Maria nos ensinou a fazer tudo o que o Senhor nos diz. Sabemos que o anúncio de seu Reino teve início com um apelo de conversão. Entre os católicos, muitos se sentem indignos de receber as graças divinas, por isso procuram se sacrificar e fazer do sacrifício um instrumento de purificação. Uns se sacrificam enquanto pedem a graça, mas a maioria faz o sacrifício para agradecer. São lindos os testemunhos de fé dos romeiros que deixam suas casas e se dirigem a pé aos Santuários Marianos. Em nossa Arquidiocese, é comum ver os romeiros se dirigindo a pé à casa da Senhora da Abadia, em Romaria. O final de julho e a primeira quinzena de agosto são marcados pelos passos, ora apressados, ora lentos dos devotos da Mãe Abadia.

  A caminhada rumo a Romaria aos pés de Nossa Senhora da Abadia, para muitos, é uma loucura, mas somente um romeiro sabe o valor e o significado que tem.

  São três dias de oração, entrega, uma conexão com Deus e um nítido cuidado e zelo de Nossa Senhora com cada um dos filhos seus.

  Ao longo do caminho, o cansaço toma conta, a vontade de desistir chega, como também chegam as dores nos pés feridos pelas bolhas e nas pernas. Um peregrino motiva o outro a seguir, mas a motivação maior é saber que a Mãe fez tanto por mim e por isso merece todo meu sacrifício. Os passos nos levam, enquanto a fé nos arrasta pelas estradas empoeiradas.

  De longe, ao chegarmos em Romaria, a mãe nos busca no olhar, com os pés machucados e cheios de bolhas, o corpo não aguentando mais. Todo cansaço fica para trás e o romeiro se enche de uma força inexplicável. Neste momento, de joelhos aos pés de Nossa Senhora da Abadia, como num passe de mágica, as energias se refazem, o coração se enche de amor e paz, enquanto os olhos derramam lágrimas de gratidão que lavam a alma”, assim descreve a psicóloga Celene que há dez anos caminha de Araxá a Romaria.

   A fé desafia as pessoas e faz com que elas acreditem que podem ir além. Com Claudinei Alves, contador e Ministro da Eucaristia na Paróquia Sagrada Família em Araxá, não foi diferente. Amante das bikes e devoto de Nossa Senhora Aparecida, resolveu percorrer o caminho da fé com o auxílio de sua bicicleta.

  “Durante cinco dias percorri de bike o tão sonhado e temido ‘Caminho da Fé’ com alguns amigos, caminho este que se inicia em Águas da Prata-MG e termina no Santuário de Aparecida -SP, inspirado no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha”.

 Durante estes dias, pude vivenciar o lado místico da fé e as realidades humanas, passando por lugares tão aconchegantes e paisagens deslumbrantes, mas de uma simplicidade ímpar, que nos levam a refletir sobre a ação do Criador. Vivenciamos situações de total desapego, onde não temos como levar nada além de uma mochila e um pouco de água, dividir quarto e banheiro com pessoas desconhecidas, que se tornam íntimas ao longo do caminho.

  Passamos por momentos de extremo sofrimento em subidas íngremes e inimagináveis, quando nossa condição humana já não suportava mais. Nesses momentos, pude sentir a presença intensa de Nossa Senhora nos carregando no colo e dando força para que chegássemos até sua casa. O ápice de todo o caminho é a última subida, a que nos leva até os pés da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Neste momento, todos se curvam e não há como se conter, pois todos são tomados pela presença de Deus e de Maria Santíssima. Um misto de prazer, realização e conforto materno nos envolve, aquece e acalma. Vale a pena desafiar-se e fazer essa experiência!

  Como é linda de se ver a fé do povo na Mãe de Jesus. Eu me encanto quando visito as salas dos milagres nos Santuários. Ali percebemos o amor e o efeito da intercessão maternal de Maria na vida de seu povo. Desprovida de uma densa teologia, a religiosidade popular se norteia pelo testemunho, fé e amor à Virgem Maria. Poderíamos ficar aqui falando por horas sobre o muito que Maria nos faz, mas como o tempo é curto, que cada um complete o texto com sua experiência de vida ao lado de Maria. Que a Mãe das mães abençoe a todos e seja para nós um modelo de fé viva que não nos deixa desistir frente ao caos que, muitas vezes, se instaura em nossos dias. Com fé, oração e sacrifício tudo pode ser mudado. Viva a Virgem Maria!

  Pe. Márcio André Soares

  Pároco da Sagrada Família de Araxá 

  Assessor da Pascom

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