A treze de maio, na Cova da Iria…

  Durante quatro anos, no mês de maio, estando de férias em Portugal, fui atender confissões no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em Fátima, Portugal. Experiência única!

  Pisar naquele recinto, aonde milhões de peregrinos acorrem todos os anos, foi elevar-me aos céus imediatamente! Saber que ali a Mãe de Deus apareceu para três inocentes crianças pastoras foi alimentar minha fé e tornar-me ‘pastorinho’ também.

  Nas modernas e informatizadas salas de espera para as confissões, os monitores apresentam aos peregrinos o nome do sacerdote confessor e os idiomas falados por ele.

  Sempre atendia em português, porém, algumas vezes, por causa da grande demanda e embora não seja de meu domínio, tive que atender também nas línguas inglesa, espanhola e galega (mistura de português com espanhol, o famoso ‘portunhol’).

  No meu primeiro ano como confessor, cheguei a atender 500 penitentes! Tamanha é a procura dos fiéis!

  Os peregrinos não chegam ao Santuário apenas por causa de Nossa Senhora. Eles também vão se reconciliar com Deus sacramentalmente. Aliás, o centro do Santuário não é Nossa Senhora, mas o Sagrado Coração de Jesus. No recinto, há uma coluna. Lá no alto dela, está a enorme imagem do Sagrado Coração de Jesus, com os braços abertos, abençoando a todos. Na base dessa coluna, há várias torneiras, onde os peregrinos pegam água fresca. Ao final da Santa Missa, tem a bênção do Santíssimo Sacramento. É arrepiante ver 200 mil pessoas em silêncio profundo!

  No dia 12 de maio, ao final do dia, reunimo-nos na Capelinha das Aparições para rezarmos o Santo Terço. A primeira parte das Ave-Marias é rezada em idiomas pré-estabelecidos; na segunda parte, cada um reza em seu próprio idioma! É maravilhoso! Lembra o cenário da Torre de Babel, de que nos fala a Sagrada Escritura; contudo, ali todos se entendem.

  Como a Capelinha é pequena, apenas padres e bispos podem entrar durante as Santas Missas ou a oração do Santo Terço.  Recebemos uma vela com um suporte de plástico. Nesse suporte está escrito ‘Fátima, altar do mundo’. Terminado o Terço, iniciamos a chamada ‘procissão das velas’ que culmina com a Santa Missa no altar externo do recinto. Fiquei maravilhado com aquelas 200 mil velas acesas!

  No dia 13, a Santa Missa é celebrada pela manhã. Quem preside a celebração é um bispo ou cardeal de algum país mundo afora. Também já participei com o Santo Padre, o Papa Francisco.

  A Capelinha das Aparições, local exato onde a ‘Mulher mais brilhante que o sol’, (Nossa Senhora foi assim caracterizada pelas crianças) apareceu numa nuvem, sobre um pé de azinheira, tem Santa Missa em outros idiomas, que não o português. Já no Santuário, onde já tive a graça de presidir celebrações, é sempre em língua portuguesa.

  Do lado oposto ao Santuário, está a Basílica da Santíssima Trindade. Cabem quase 9 mil pessoas sentadas. Também já tive a felicidade de presidir celebrações lá. Abaixo dessa igreja, no subsolo, estão os confessionários.

  Próximas dessa igreja, estão a Cruz alta e a imagem de São João Paulo II, principal responsável por divulgar Fátima ao mundo.

  Fora do recinto há a casa onde as crianças moraram, em Aljustrel, a imagem do Anjo de Portugal, com a Via-Sacra até o Calvário Húngaro.

  Todas essas localidades atraem milhares de pessoas todos os anos, sobretudo próximo ao dia 13 de cada mês.

  Embora a fé seja abstrata, ali em Fátima, porém, ela se torna palpável! É tocante ver e sentir a fé das pessoas que buscam amparo, esperança, milagres ou colo de mãe! ‘A treze de maio, na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria’.

Pe. Eduardo Ferreira

Pároco da Paróquia de Santa Teresinha

 

 

 

 

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