O Diretório Pastoral da Comissão Arquidiocesana Bíblico-catequética, apresentado em Assembleia e publicado em janeiro de 2022, traz no capítulo 5 as orientações sobre o batismo. Por estarmos em processo de adaptação e ampliação destas orientações, se faz necessário reforçar o que a arquidiocese de Uberaba pretende com estas indicações. O grande objetivo é tornar o povo católico mais consciente de sua fé e dos compromissos inerentes a ela, dando um testemunho mais vivo e eficaz de sua comunhão com Jesus Cristo na Igreja Católica. O sacramento do Batismo, mais do que um rito, é um processo.
O Catecismo da Igreja Católica diz que “pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão” (§ 1213). O desejo é que esta compreensão seja cada vez mais clara para os pais e padrinhos que procuram o sacramento para seus filhos e afilhados, bem como o que está no Evangelho de Mateus ao afirmar: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei” (Mt 28, 19-20). Aqui está o acolhimento e o ensinamento: um processo. O batismo é um conjunto de ações que se desenvolvem ao longo de toda a vida por meio dos outros sacramentos, na comunhão com Cristo e na Igreja.
Compreendendo este conjunto, a Igreja propõe a dinâmica de preparação para o batismo de maneira pessoal. Há um processo que corresponde à acolhida, que pode ocorrer na secretaria; o querigma, apresentação da pessoa de Jesus Cristo na primeira visita à casa da família, além de mais um ou dois encontros de aprofundamento sobre a fé a ser desenvolvida no batismo; o dia do batismo, que é a decisão e aceitação do compromisso inerente ao sacramento e a mistagogia, a perseverança desta família que continua a apresentar a experiência de fé a seu(sua) filho(filha) na comunidade. Nesta pedagogia, fica claro que não é só um rito sacramental, é muito mais que isso. A Igreja tem a responsabilidade de orientar seus fiéis na vivência da fé, pois não se pode cobrar dos pais e padrinhos o que eles não receberam.
Há muitos desafios. E temos que vencer cada um deles. Primeiro, superar a ideia de que é preciso batizar grupos grandes. Não precisa. Segundo, ter coragem de explicar aos pais e padrinhos a pedagogia adotada para que eles compreendam a seriedade do sacramento e sua continuidade. Terceiro, trabalhar a vocação de catequistas-missionários do batismo com convites, orações e formação, pois não vamos mudar o exterior se não mudarmos o interior. Quarto, acreditar no processo de transformação, pois nunca chegaremos a lugar algum se não iniciarmos uma caminhada, levando em consideração todos os desafios.
A vida do próprio Jesus Cristo nos Evangelhos apresenta esta pedagogia a todos nós. Ele foi ao encontro de cada um sem pressa; reuniu um grupo para explicar e ensinar com palavras e o exemplo. Deu-lhes o Espírito Santo e os enviou em missão. E todos permaneceram unidos e em oração, realizando as obras do próprio Cristo. Assim nasceu o cristianismo, assim nasceu nossa missão.
Padre Vanderlei Izaumi da Silva