Irmãos na fé e no compromisso,
Feliz e Santa Páscoa!
Deus conduz a história de seu povo e não deixa de permitir situações inusitadas que impressionam a todos nós. O mundo vinha caminhando numa “preocupante serenidade”, convivendo com as gritantes divergências sociais, políticas, econômicas e religiosas, mas não se dando conta de que o barco só consegue amparo e segurança se estiver ancorado na ação firme e constante de seu Criador.
Quando o Papa Francisco faz referência às sutis ideologias do gnosticismo e do pelagianismo presentes na cultura moderna, ele está alertando para o risco da hegemonia de determinados impérios porque eles não conseguem sustentar-se sem uma abertura para a ética e a moral da transcendência. É o que está acontecendo com a pandemia do coronavírus, que atinge a todas as instituições e a todos nós.
Parece ser muito difícil dizer “Feliz Páscoa” dentro de um clima desafiador como estamos passando. Cada um de nós tem feito seu esforço para, mesmo no distanciamento social pedido pelas autoridades, praticar o gesto da fraternidade proposta por Jesus na Cerimônia do Lava-Pés, na instituição do Mandamento novo do amor, do Sacerdócio Ministerial e do Sacramento da Eucaristia.
O alerta para o mundo é alerta também para nós, Igreja. O Papa tem proposto mudanças fundamentais para abrir caminho na construção do Reino de Deus. Esse caminho tem como via importante o coração de cada um de nós, principalmente sacerdotes e lideranças da Igreja. É hora de profunda reflexão sobre nossa identidade e nosso comportamento como Ministros Consagrados do Senhor.
Creio que estávamos passando por um momento bonito de nossa caminhada. Com um Plano de Pastoral bem definido, com o novo modelo de Reunião de Região dando certo, com o Projeto do Fundo de Sustentação do Clero com passos muito maduros, acertando aos poucos as dificuldades na administração econômica etc. Não sabemos como tudo isso será após essa avalanche da pandemia no mundo.
A intenção desta carta é de desejar-lhes Feliz Páscoa, mas também de agradecer o bem que cada um de vocês tem realizado em sua comunidade paroquial. É meu desejo também de reafirmar nossos propósitos de caminhada dentro de um clima de fraternidade própria da Pastoral Presbiteral, contando com o esforço de cada um dentro de uma realidade de despojamento e de doação incondicional pelo povo de Deus.
Um abraço fraterno,
Uberaba, 12 de abril de 2020.
Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba