Diaconia e Fé

No início de maio, o Papa Francisco deu destaque a um membro especial do clero, o diácono. Pediu que, ao longo do mês, os fiéis da Igreja dedicassem em suas orações uma intenção aos diáconos, para que “sejam sinal vivificante para toda a Igreja” e destacou que “os diáconos não são sacerdotes de segunda categoria”, mas “formam parte do clero e vivem sua vocação em família e com a família”, por isso, membros especiais.

Do étimo grego, diakonia, e, à luz do Novo Testamento, tem por significado o serviço. Contudo, não se trata de qualquer tipo de serviço, mas aquele que se dá por meio da fé no Cristo, Jesus.

Assim, o diaconato permanente, ministério este confiado por Deus aos homens casados com exemplo de vida ilibada e de fé, revela três pilares que sustentam esta vida em serviço: a diaconia da Palavra, a diaconia da liturgia e a diaconia da caridade com seus aspectos de adaptabilidade, ou seja, a caridade vivenciada em seu mais amplo sentido e em comunhão com o Bispo e seu presbitério. Desta forma, o diácono, ao viver o propósito das dimensões diaconais, não olha para si, mas, apoiado no “servir o Cristo” presente nos irmãos em diversas situações de vulnerabilidade, enxerga neles Jesus (cf. Hb 12,2).

O Catecismo da Igreja Católica, CIC, em seu cânon 1570, ensina que “os diáconos participam de modo especial na missão e na graça de Cristo”.  Para os humildes de coração, ao servir o próximo, vive-se a graça de Jesus em plena realização.  A intimidade com o Pai é dada pela conversão, pela oração, pela fé e, ao enxergar e sentir a presença de Deus no próximo, proporciona a sublime importância do sobrenatural em nossas vidas. Contribui, assim, para a edificação da fé tão necessária para o reconhecimento da importância de Deus na salvação de seus filhos.

Em comunhão com o povo santo de Deus, o diácono tem por missão essencial e profética de Cristo dar testemunho vivo Dele por meio da vida de fé, de caridade e de oração (cf. Lumen Gentium, 12). Preceitos que na atualidade são relativizados e minimizados, afastando cada vez mais os filhos do Pai.

Como verdadeiro exemplo para uma vida de fé diaconal, cabe destacar a pessoa de Maria, mãe de Jesus. Obediente ao Filho, ela sempre se pôs à disposição. Sua fé e obediência fomentaram a realização do primeiro milagre de Jesus, que ocorreu nas bodas de Caná (cf. Jo 2, 1-12). Maria é a grande colaboradora de Deus. Como intercessora, devido ao verdadeiro amor de mãe, coloca-se para defender seus filhos. São Luís Maria Montfort, em seu livro intitulado Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, cita um maravilhoso escrito de Poiré: “Deus Pai juntou todas as águas e chamou-as de mar. De igual modo, reuniu todas as graças e chamou-as de Maria”.

Por fim, impossível não observar nesta reflexão o período de crise sem precedentes: a pandemia de COVID-19. Momento de extrema fragilidade humana perante o invisível a olho nu, mas não sobrenatural. Um vírus que estremeceu o mundo e colocou milhares de pessoas em situação de apreensão, desespero e perda. A ciência, com sua reconhecida importância, protagoniza a busca de um remédio ou vacina para desacelerar esse terrível mal. Contudo, não se pode, em meio às dificuldades, ignorar a importância de Deus nas vidas que Ele tanto ama.  Que a ciência consiga a cura para o corpo, mas não tenhamos dúvida de que Jesus, com sua Igreja, é quem cura a alma. Com fé, Paz e Bem!

Diácono Wagner Roberto Batista

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