Corremos o perigo de transformar a instituição, identificada como Igreja, em espaço de exploração econômico-financeira. Digo isto ao falar da pastoral do dízimo, que tem uma fundamentação bíblica muito consistente no Antigo Testamento. Quando trabalhado de forma irresponsável e tendenciosa, acaba sendo atitude que não condiz com o ideal proclamado pela inspiração bíblica.
É importante a consciência de que a comunidade cristã está ancorada na corresponsabilidade de todos seus membros. Assim deve ser na Arquidiocese, nas paróquias e nas menores comunidades. Todas devem ser organizadas em relação ao dízimo, com momentos que ajudam na formação das pessoas quanto à consciência do gesto nobre da gratidão e a necessidade de acudir às necessidades locais.
Usamos sempre a frase: “Ninguém faz o que não sabe”. É necessário criar espaços formativos também sobre a pastoral do dízimo, que ajudam na sensibilidade do gesto concreto da partilha comunitária. Todos os cursos de formação devem trabalhar sobre o dízimo. São Paulo diz: “Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração… Deus ama quem dá com alegria” (II Cor 9,7).
Temos na arquidiocese de Uberaba várias iniciativas que contribuem com a formação das lideranças leigas. É preciso lembrar os trabalhos nas paróquias, a ESTELAU e as lives da Escola Fé e Cidadania. Na área propriamente catequética, temos mensalmente a Escola Catequética que orienta os catequistas, responsáveis pela atuação formativa nos diversos níveis de idade, nas comunidades.
Estão surgindo alguns polos da Escola Catequética nas Foranias distantes da sede da Arquidiocese, facilitando uma maior participação dos catequistas. Tem sido realmente valioso o empenho para dar qualidade nesse campo da formação da fé. Sem a catequese paroquial, o comprometimento com a vida cristã fica muito fragilizado e com pouca participação na vida comunitária.
Quem entende e realmente tem consciência do que é ser Igreja e participar na comunidade, efetivada a partir do dia do batismo, compromete-se mais com as necessidades da vida local e comunitária. O caminho formativo cria consciência, inclusive sobre o compromisso do dízimo comunitário. A formação aguça o clima da partilha e da gratidão a Deus os dons recebidos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba