Educar, pelo Evangelho, na pandemia e pós-pandemia

Qual Humanidade emergirá destes tempos difíceis e inesperados? Que aprendizados poderão somar às relações humanas de pais, filhos, irmãos, professores, alunos, empresários, comerciantes, médicos, pacientes e tantos outros?

Se educar e reeducar-se, vivenciar e trocar valores é algo difícil de ser realizado em tempos “normais”, imaginemos em épocas “especiais” como esta em que estamos todos inseridos?

São muitas as perguntas que revolvem nossas experiências com valores às vezes arraigados, consolidados. Por exemplo, a difícil questão do isolamento, como o que vivenciamos há quase três meses nessa quarentena forçada pelas circunstâncias da “visita indesejável” de um vírus. Ele expôs nossa fragilidade e a da Humanidade como um todo, independentemente de classes sociais, raças, nacionalidades.

Então, este é um tempo muito propício para nos revermos “por dentro” (nossos valores pessoais) e “por fora” (os valores dos outros e da sociedade como um todo). Juntando estas duas partes, nunca a necessidade do acolhimento ficou tão evidenciada. Como sabemos, esta é uma palavra cara ao Evangelho. Quem ama, acolhe; quem não acolhe, é porque não ama, por mais que haja discursos de justificativa de seus motivos. Viver a Fé pela acolhida implica sempre reeducar-se para tal. E o que estamos chamando de “quarentena”, na verdade pode resultar em um momento muito propício de revisão, retiro, reflexão, oração. Tempo de deserto interno, como o vivido por Jesus e que em geral preparava sua missão. Uma Quaresma antecipada. Tanto para nos revermos individualmente, como para rever a direção que a Humanidade como um todo está tomando.

O que gerou a chegada de um vírus como o COVID-19? A ganância, que produz acumulação de riquezas e miséria extrema, a falta de universalização sanitária para todos, o desmatamento desenfreado, Resultado da epidemia num período que virá, o pós, é hora de a Humanidade realizar o acolhimento não só com palavras, mas com atos, propostas, nova educação fundada em novos valores. Hora de revisitar o Sermão da Montanha e retirar dele os ensinamentos que nos humanizam no amor e acolhimento verdadeiro, sem as diferenças que tanto nos afastam ao invés de nos unirem numa só Humanidade.

Maria Rita Nascimento Pereira

Coordenadora da Pastoral da Educação da Arquidiocese de Uberaba

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