O Evangelho, fonte da dignidade humana e da fraternidade,
seja a base de todo diálogo em vista de uma política em prol
da vida e da paz. (Dom Walmor Azevedo, Presidente da CNBB)
Com este título, a Escola de Fé e Cidadania da Arquidiocese de Uberaba promoveu o 7º Encontro de Formação, ainda na modalidade on-line, no dia 05 de setembro. <https://www.youtube.com/watch?v=hwXGD7UKLnE> Nosso convidado foi o Padre Danilo Pena, da Diocese de Jacarezinho, PR. Com sua juventude, simpatia e competência, falou-nos sobre “Os cristãos e as eleições 2022”, como reflexão necessária para uma vivência madura e fundamentada a respeito do momento nacional em curso. Padre Geraldo Maia, assessor da Escola, Rosária, presidente do Conselho Arquidiocesano de Leigos e Leigas e Dom Paulo, nosso arcebispo, fizeram o acolhimento ao ministrante da aula e os direcionamentos do trabalho da noite. De início, Padre Danilo apresentou uma breve contextualização do tema e as duas principais referências para sua exposição: a Cartilha de Orientação Política 2022 “A política melhor”, do Regional Sul 2 da CNBB, e o Caderno “Encantar a Política”, do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB).
O domínio de conteúdo de Padre Danilo, além da clareza e simplicidade com que nos falou são o bastante para que a pessoa confirme o que honestamente afirmo: assistir ao vídeo valerá cada minuto! A modo de enumeração, muito aquém do que magistralmente foi exposto, ressalto os seguintes elementos:
- É importante discernir que as pessoas e comunidades não tratem desse tema levados apenas pela urgência do pleito eleitoral;
- neste sentido, que o trabalho proposto pelo material disponibilizado não se restrinja às Comunidades de Base, à Escola de Fé e Cidadania, ao Conselho de Leigos e às Pastorais Sociais;
- à pergunta “O que a Igreja pensa da Política?” ou “O que religião tem a ver com esse assunto?”, é imperioso lembrar que a relação Evangelho e Cidadania “é algo que está encarnado em nossas experiências bíblico-catequéticas, nos movimentos jovens, em nossos círculos bíblicos e nossos grupos de oração”;
- com a lembrança do emblemático personagem Sassá Mutema, da antiga telenovela “O Salvador da Pátria”, foi apresentado o “fundamento dos fundamentos” de nossa democracia: um poder da República, no caso o Executivo (prefeito, governador e sobretudo presidente), não pode sobrepor-se aos demais, com o risco de demolir nossas estruturas institucionais;
- por isso, é preciso não baixar a guarda na denúncia de qualquer narrativa apocalíptica que pretenda entronizar a figura de “salvadores da pátria”, em flagrante desconsideração à indispensável contribuição específica de cada poder e ao bem que todos estes podem fazer, trabalhando em comum;
- que nas orientações recebidas por nossos pastores e nas reflexões em nossas comunidades se procure superar a disfunção que limita nossas escolhas políticas às preferências, vínculos e gostos pessoais, em detrimento da consideração da proposta programática de cada partido;
- de uma forma mais detida, nos foram apresentadas as “três chaves” para uma compreensão mais abrangente e integradora dos documentos apresentados. São elas: “Humanizar a Política”, “Sensibilidade Samaritana” e “Caridade e Política” – Apenas ete item já justificaria o investimento de tempo pessoal (ou melhor, comunitário) na assistência a esta aula!
- Imperdível a exposição específica sobre “A Igreja e as Eleições” e, como responsabilidade ética, o alerta sobre o dever de não apoiar de modo algum a perniciosa enxurrada das tristemente famosas “fake news”. Sugestão dada: conhecermos o “aplicativo Pardal”, do STE, Supremo Tribunal Eleitoral.
Esse importante tema, pelo qual somos gratos ao Padre Danilo, serve como termômetro para avaliarmos dois aspectos de nossa vida eclesial: como anda nosso sentido de unidade pastoral e como temos vivido a dimensão profética de nossa fé? Ousaria acrescentar a seguinte questão: como estão os processos formativos em nossas comunidades?
Washington Silva