Fase Continental do Sínodo dos Bispos Etapa Cone-Sul, realizada dos dias 6 a 10 de março em Brasília

            Na primeira semana de março de 2023, em Brasília, aconteceu a Fase Continental do Sínodo dos Bispos (2021-2023) Etapa Cone-Sul. As atividades se iniciaram no dia 6, segunda-feira, e se estenderam até sexta-feira, dia 10 de março. Esta etapa contemplou representantes oriundos da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e os anfitriões do evento, do Brasil. A busca pela vivência sinodal foi vista em todos os momentos, desde a heterogênea representação dos vários grupos e setores da Igreja, como na própria realização das atividades.

            O evento contou com a participação do Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM, arcebispos, bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas. A Arquidiocese de Uberaba teve a oportunidade de ter a Amanda Oliveira, da Pascom Arquidiocesana e secretária da Equipe Arquidiocesana do Sínodo como sua representante e, também, o padre Alexsandro Nunes, do Santuário Basílica de Nossa Senhora d’Abadia que fez parte das representações da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). Embora sendo da Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo, não deixou de dar sua contribuição a partir de seu olhar como membro da Igreja Particular de Uberaba.

            Esta etapa contou com a presença de mais de 180 pessoas, que foram divididas entre 21 grupos e distribuídas de forma heterogênea para propiciar debates ricos, com diferentes perspectivas. A Fase Continental do Sínodo foi desenvolvida a partir da leitura do Documento da Etapa Continental (DEC) que pode ser consultado no site: https://www.cnbb.org.br/documento-para-a-etapa-continental-do-sinodo-2021-2024-orienta-os-passos-para-a-continuacao-do-discernimento/ produzido pela Secretária-geral do Sínodo no Vaticano. Neste documento, também constam várias reflexões e apontamentos elaborados a partir da fase diocesana, realizada ao longo do ano de 2022 pelas várias Dioceses do mundo. Após a leitura reflexiva desse documento, os grupos se reuniram para responder às perguntas propostas pelo próprio DEC, mas sempre levando em consideração as orientações propostas no Documento, a fim de garantir a integridade do processo sinodal.

            A riqueza dessas discussões foi vista no final da semana, no encerramento das atividades. O poder de escuta e diálogo, com certeza, foi fundamental para o andamento das atividades. E é nisto que consiste a vivência sinodal: reflexão, escuta, partilha. O diálogo, com certeza, é a ponte que conecta a todos, mesmos vindos de diferentes fronteiras. O Espírito Santo sopra para todos e é dever de todos os cristãos serem sensíveis a este sopro, pois é esta a herança cristã. Diferentes pontos de vista, ou ainda, vistas diferentes sobre um ponto, como indicou o historiador Jacques Le Goff, é fundamental para a caminhada. O lema para esta fase Continental foi pautado na passagem do Profeta Isaías “Alarga o espaço de tua tenda” (Is 54, 2). É necessário serem estabelecidas novas concepções para que a realidade e as discussões que foram propiciadas ao longo deste século XXI possam ser também refletidas pela Igreja, como já faz o santo padre, o Papa Francisco, no decorrer de seu magistério.

            É indispensável alargar o espaço da tenda, para que todos sejam acolhidos sem distinção. Este foi um dos indicativos de nosso mestre Jesus: acolher o próximo sem preconceitos, sem que a lei dos homens se sobressaia à misericórdia divina. A riqueza da fé cristã está aí. Não se pode deixar de lado esta experiência; afinal, o grande plano de Deus é que a salvação chegue a todos, que a redenção de Cristo na Cruz possa ir ao encontro dos corações de todos aqueles que a buscarem. Não cabe a ninguém limitar este acesso. Deus ama a todos, sem distinção!

          A variedade de dons, a diversidade, deve ser vista como uma via facilitadora para que o Evangelho seja anunciado a todos. A união também pode ser feita a partir da diversidade de dons, como nos recorda o apóstolo Paulo: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum.” (1Cor 12, 4-7).

            Em outubro de 2023, no Vaticano, se dará a 1ª fase do Sínodo dos Bispos e em outubro de 2024, a 2ª fase. Pelo clima experienciado em Brasília, existe uma esperança de encaminhamentos práticos para que o antigo jeito de ser Igreja, isto é, a vivência sinodal, seja verdadeiramente vivida pela Igreja na atualidade. Afinal, a tradição católica se mantém viva nos corações que o Espírito Santo inspira cotidianamente. Cabe a nós escutar este clamor, este sopro profético que trará muitos frutos.

 

Amanda Oliveira

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