Dom Eduardo Duarte Silva

1º Bispo de Uberaba

Data de Nascimento: 27/01/1852

Data de Ordenação Presbiteral: 19/12/1874

Data Ordenação Episcopal: 08/02/1980

Data de Apresentação: 08/11/1907

Data de Falecimento: 16/10/1923

 

Eduardo Duarte e Silva nasceu em Desterro, hoje Florianópolis, SC, aos 27 de janeiro de 1852. Foram seus pais Carlos Duarte Silva e D. Maria Leopoldina Marques Guimarães. Estudou em Florianópolis e no Rio de Janeiro com os Jesuítas junto aos quais despertou sua vocação sacerdotal. Com apenas 16 anos, em 1868 foi para Roma estudar Filosofia no Colégio Pio Latino-Americano. Foi ordenado padre em 19 de dezembro de 1874 pelo Cardeal Patrizzi e ficou mais 4 anos em Roma até doutorar-se em Filosofia e Teologia pela Universidade Gregoriana. Também em Roma, recebeu um título universitário assemelhado a um Mestrado em Direito Canônico. Já no Brasil fez cursos de especialização em Direito Civil Brasileiro e Laudêmio, uma antiga taxa eclesiástica.

Retornando ao Brasil, no Rio de Janeiro, foi nomeado capelão do navio de instrução “Javari”, sob o comando de seu tio, Almirante. Foi morar com seus pais em Florianópolis onde foi, por 2 anos, coadjutor de Paróquia. Falecendo seu pai, toda sua família foi morar no Rio de Janeiro onde trabalhou por 13 anos como auxiliar dos serviços na Catedral. Foi designado, em 1880, Capelão Imperial, em cerimônia a que compareceu o Imperador D. Pedro II.

A nomeação de Monsenhor Eduardo para bispo de Goiás se deu de uma maneira única na história eclesiástica brasileira. No Rio, era amigo de Monsenhor Joaquim Arcoverde de Albuquerque Calvacanti, que recusou ser bispo por duas vezes; uma vez para bispo Coadjutor da Bahia e outra para bispo de Goiás. Desejando explicar-se pessoalmente ao Papa Leão XIII, iria à Santa Sé. Convidou Mons. Eduardo Duarte e Silva para o acompanhar até Roma. Assim, Mons. Eduardo foi a Roma simplesmente para ter a oportunidade de assistir a uma audiência papal.

Naquela audiência do Papa Leão XIII a Mons. Arcoverde, em 1891, o Papa o nomeou bispo para a diocese de Goiás, vaga pela renúncia de Mons. Arcoverde.

Naquele tempo uma carta de Roma ao Rio de Janeiro demorava 3 meses. Para poupar tempo e burocracia de tanta demora, Leão XIII, pessoalmente, convidou Mons. Eduardo para ser bispo da Diocese de Goiás.

Foi assinada a bula de nomeação de bispo de Goiás, a 22 de janeiro de 1890. Assessores papais combinaram a data da sagração do novo bispo, celebrada, 15 dias depois, a 8 de fevereiro de 1890, pelo Cardeal Parochi, na Capela do Colégio Pio Latino Americano, onde já se celebrara também a ordenação sacerdotal de Pe. Eduardo, 16 anos atrás.

Pela distância, por procuração, D. Eduardo tomou posse de sua Diocese, e somente meses depois, a 29 de setembro de 1891, entrou na Catedral de Goiás Velho, antiga capital do Estado. Para tomar posse de sua Diocese, D. Eduardo viajou do Rio de Janeiro até Uberaba de trem, onde permaneceu por dois ou três dias organizando sua viagem em “comitiva” isto é, em turma de tropeiros que se encarregavam de toda a viagem, a cavalo, até Goiás.

Incluindo Uberaba, no final do século XIX, a Diocese de Goiás incluía todo o Estado de Goiás até a Arquidiocese de Mariana, no Sul de Minas. Tinha 94 paróquias e 54 estavam sem padre.

Em 1896, um general republicano houve por bem requisitar o prédio do seminário diocesano, sob a alegação de urgente prioridade a favor de um hospital militar. Inutilmente o bispo repetiu inúmeras vezes que a Revolução Republicana não deixara nenhum soldado ferido e não havia, em Goiás, nenhum soldado doente necessitado de internação hospitalar. Em vão D. Eduardo entregara cópia de um Decreto do Governo Republicano determinando que não podiam ser confiscados os Bens da Igreja. Assim mesmo foi mantida a requisição. Em represália com a perseguição política de 1896, D. Eduardo tomou uma drástica decisão. Contratou uma tropa de 60 burros e em viagem de 39 dias, com seus mais promissores 20 seminaristas, os livros da Diocese, toda uma rica biblioteca, paramentos e objetos de liturgia, armários de arquivos, apetrechos de cozinha de viagem tropeira. A cozinheira do seminário de Goiás era uma viúva, a quem D. Eduardo arrumara emprego e moradia. Ela mostrou desejo de vir para ser a cozinheira de viagem e no novo seminário do bispo. Essa viúva trouxe um menino que foi batizado por D. Eduardo, com o nome de Eduardo em homenagem ao benfeitor. Foi educado com os requintes de uma boa formação cultural de Letras, Filosofia, Teologia e Direito Canônico, junto com os alunos do seminário. Morreria em Uberlândia como Monsenhor Eduardo.

D. Eduardo chegou triunfante em Uberaba a 10 de agosto de 1896. O povo aclamou a numerosa comitiva que desfilou pelas ruas centrais da cidade. D. Eduardo Bispo de Goiás desde 1891, passou, de 1896 a 1907, a residir em Uberaba. D. Eduardo escolheu como sua residência esta cidade porque, à época era uma cidade de grande desenvolvimento, com um bom jornal e sobretudo porque ligada a São Paulo e Rio de Janeiro por muito boa Estrada de Ferro e ligada ao mundo por via telegráfica e postal. Também em homenagem à cidade de Uberaba que o acolheu tão bem, logo nos primeiros meses solicitou ao Vaticano para ser criada a nova Diocese de Uberaba, desmembrando-a do vastíssimo território da Diocese de Goiás.

Só no início de 1907 D. Eduardo teve a certeza que a Santa Sé criaria a nova Diocese de Uberaba. Mas o Vaticano condicionara a criação da nova Diocese de Uberaba à construção da catedral. Com o auxílio do povo muito bem motivado, D. Eduardo constrói sua Catedral, inaugurada a 27 de janeiro de 1907. E para provar que estava obedecendo à condicional da Cúria Romana, D. Eduardo mandou que se escrevesse no frontispício da futura catedral do Largo do Cuiabá, as palavras em Latim que até hoje se lêem :

“DIVO. CORDI. JESU. POSUIT EDUARDUS EPISCOPUS GOYAS 1905” = “AO DIVINO CORAÇÃO DE JESUS, ESTABELECEU EDUARDO, BISPO DE GOIÁS EM 1905”.

D. Eduardo mandou tirar foto da fachada da futura catedral já construída cujos dizeres em seus frontispícios comprovavam que a futura Diocese de Uberaba já construíra sua Catedral, uma das exigências da Santa Sé. Cumpridas todas as exigências impostas por Roma foi criada a Diocese de Uberaba a 29 de setembro de 1907.

Pelas circunstâncias de D. Eduardo ser ainda bispo de Goiás, só pode tomar posse da Diocese de Uberaba quando Roma o autorizou pelo Breve Apostólico “Apostolatus Officium” de 8 de novembro de 1907, desligando-o da Diocese de Goiás e nomeando-o primeiro bispo de Uberaba. Sua posse da Diocese de Uberaba foi a 24 de maio de 1908.

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© Copyright Arquidiocese de Uberaba. Feito com por
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