Devoção e Títulos
A devoção mariana é o culto que nós prestamos a Nossa Senhora, a Mãe de Deus e nossa Mãe. Não se trata de adoração, porque adoramos somente a Deus, reconhecendo Nele o Criador, a fonte de todas as graças. Como cristãos católicos, veneramos e não adoramos a Virgem Maria. Pela devoção mariana, demonstramos respeito e amor por aquela que foi escolhida para ser a mãe do Filho de Deus, a quem o anjo Gabriel disse: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.” (Lc 1,28)
O culto a Maria Santíssima nasceu como reconhecimento da dignidade e santidade daquela que com seu sim nos trouxe o Salvador da humanidade: Jesus Cristo. É importante jamais perder de vista que este nosso gesto de atenção e carinho por Nossa Senhora é também um sinal de obediência à própria Palavra de Deus, conforme Lc 1,48: “Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações”. Este também foi um desejo do próprio Jesus aos nos dar Sua mãe para ser nossa mãe. Nos momentos finais da Sua dor na cruz, Ele disse: “Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe.” (cf. Jo 19, 26-27)
Uma característica importante da devoção mariana são os vários títulos ou nomes atribuídos a Nossa Senhora. Os títulos podem ter sua origem na devoção popular, nas aparições e manifestações de Nossa Senhora ou nos dogmas marianos. No entanto, todos esses títulos, todos esses nomes têm em comum o fato de que dizem respeito a uma pessoa, que é a Santíssima Virgem Maria, a Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo. Em nossa Arquidiocese, várias paróquias são dedicadas a Nossa Senhora em seus diversos títulos. A seguir apresentamos três:
Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento
O título dado à Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, em Sacramento, MG, é único em todo o mundo: “Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento”. Ele provém de um ato do fundador da cidade, Cônego Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswik, em 1820. Naquele ano, no dia 24 de agosto, esse venerando sacerdote fundou a “Capela do Santíssimo Sacramento Apresentado pelo Patrocínio de Maria”, à margem esquerda do Ribeirão Borá. Nascia naquele ato a cidade, única cidade do Brasil que nasceu sob a invocação ao Santíssimo Sacramento. Foi assim que Nossa Senhora começou a ser chamada pelo povo: “Nossa Senhora que patrocina o Santíssimo Sacramento”. Aí veio “Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento”. O título é belo e consolador: nessas paragens de Minas, Nossa Senhora apresentava ao povo que transitava pelo antigo sertão seu Divino Filho, no Santíssimo Sacramento. As pessoas vinham de longe em busca dos sacramentos da Igreja que eram distribuídos na Capela do Santíssimo Sacramento apresentado pela Virgem Maria. O documento antigo ainda conservado fala que nessa capela eram distribuídos “os inefáveis Sacramentos da Igreja”. A mesma Virgem Maria que em Belém apresentou aos pastores e aos Magos o Menino Deus, que O apresentou ao Velho Simeão, que O apresentou em Caná da Galileia e no Calvário em Jerusalém, apresentava Jesus aos filhos deste mundo na brancura de uma hóstia consagrada, na Capela do Santíssimo Sacramento.
Ela, a Virgem Mãe, que dá alegria ao mundo inteiro pela aceitação de Ser a Mãe do Senhor, consolava os viandantes do Sertão com o Santíssimo Sacramento.
Assim, desde 1820, Nossa Senhora patrocina o Santíssimo Sacramento na veneranda Igreja Matriz de Sacramento. Sua bela e única imagem ali venerada nos mostra uma Mulher vitoriosa, a Mulher do Apocalipse (Ap.12) e que traz em suas Mãos o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o próprio Deus na figura do Pão.
É reconhecida como Padroeira de Sacramento por força da Lei Municipal nº 173, de 12 de outubro de 1980. Sua festa é celebrada com feriado municipal no dia 31 de maio de cada ano. E, pela mesma lei, são patronos da cidade de Sacramento o Divino Espírito Santo, São Miguel Arcanjo e São Sebastião. Essa lei civil recebeu o referendo eclesiástico pelo Decreto nº 02 de 29.09.2012, de autoria do Exmo. Sr. Arcebispo de Uberaba, Dom Paulo Mendes Peixoto.
Busquemos e invoquemos a Santíssima Virgem Maria nesse título tão formoso e único: Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento.
(Fonte: Pequeno Histórico contido no texto da Novena da Padroeira de Sacramento)
Santa Maria dos Anjos
A pouca distância da cidade de Assis, Itália, em uma espaçosa planície, está situada a Basílica de Santa Maria dos Anjos. A primeira ermida foi construída no ano de 352, por quatro peregrinos vindos de Jerusalém, que veneravam ali uma relíquia relacionada à Santíssima Virgem Maria, assunta ao céu pelos anjos. Daí derivou o título: Santa Maria dos Anjos.
Diz a lenda que, nas vésperas de algumas solenidades, desciam à noite numerosos coros de anjos, que cantavam aleluias em muitas vozes e faziam grandes festas. Por essa razão, era conhecida como Santa Maria dos Anjos. Chamavam-na também de Porciúncula, porque, conforme a tradição, os beneditinos tinham vivido ali antes de se instalarem no Monte Subásio e lhes haviam dado uma pequena porção de terra para o cumprimento de suas obrigações monásticas.
A Basílica de Santa Maria dos Anjos, de imponentes dimensões, é a sétima em ordem de grandeza entre as igrejas cristãs.
Foi nessa capela que Francisco recebeu a célebre indulgência do “Dia do Perdão”, celebrado anualmente a 2 de agosto. A festa do Perdão é ainda hoje uma das mais importantes da Ordem Franciscana. Esta indulgência foi estendida a toda a Igreja Católica pelo Papa Pio XII.
Nossa Senhora de Lourdes
No dia 11 de fevereiro de 1958, a Santíssima Virgem Maria revelou-se a Bernadette Soubirous, uma menina pobre e analfabeta de 14 anos.
Segundo a descrição de Bernadette, ao atravessar um pequeno riacho, ouviu um barulho e viu maravilhada, diante de uma gruta, Nossa Senhora resplandecente, vestida de branco e com um cinto azul na cintura. E Ela a convidou para rezarem juntas o terço.
Ninguém acreditou na história de Bernadette, mas as aparições continuaram a se repetir. No dia 25 de fevereiro, a Santíssima Virgem pediu a Bernadette que raspasse uma rocha para que dela brotasse água para beber. A menina obedeceu, raspou a pedra com as unhas e dali brotou um filete de água: a fonte milagrosa de Lourdes.
No dia 2 de março, Nossa Senhora pediu-lhe que convencesse as autoridades do povoado a construírem uma capela para ela. No entanto, o pároco custou a acreditar nas aparições e a gruta foi interditada para o público. O lugar só foi liberado para visitação dos fiéis por Napoleão III.
Em 25 de março, Bernadette perguntou àquela linda Senhora quem ela era e ela lhe respondeu: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Bernadete saiu correndo, repetindo pelo caminho esse nome para dizer ao sacerdote. Nem mesmo sabia o que aquele nome significava.
Foram 18 aparições no total, de 11 de fevereiro a 10 de julho de 1858. Desde então, contínuas multidões de peregrinos têm-se reunido em Lourdes e alcançado milhares de graças por intercessão de Nossa Senhora. O local santo tornou-se o maior santuário da França.
Pouco tempo depois das aparições, Bernadette foi admitida na Comunidade das Filhas da Caridade de Nevers. Em julho de 1866, começou seu noviciado e no dia 22 de setembro de 1878 pronunciou seus votos, vindo a falecer alguns meses mais tarde, quando tinha apenas 35 anos, no dia 16 de abril de 1879.
Em 1925, o Papa Pio XI declarou Bernadette bem-aventurada e, em 1933, ela foi canonizada, tornando-se assim Santa Bernadette. A festa de Nossa Senhora de Lourdes é celebrada no dia 11 de fevereiro, Dia mundial do Enfermo.