Interessante repensar minha vivência de leiga durante o período da Quaresma, ao longo desses anos.
A Quaresma para mim acontecia sem nenhuma atividade especial, transcorrendo normalmente como qualquer período do ano. As Quartas-feiras de Cinzas se resumiam em fazer abstinência de carne e de nada mais especial eu participava.
A partir da chegada de um novo sacerdote em minha paróquia, passei a participar de várias paraliturgias que não conhecia e que começaram a dar mais sentido a este tempo de preparação e mudança de vida, remontando aos quarenta dias em que Jesus ficou no deserto, jejuando e orando, antes de iniciar sua vida pública.
A partir dessas atividades, a paróquia viveu momentos marcantes de que participei, juntamente com a comunidade.
Sempre iniciamos na quarta-feira, com a Missa e imposição de cinzas em todos os presentes. Tínhamos Adoração ao Santíssimo Sacramento, nas quintas-feiras e Via-Sacra em todas as sextas-feiras. A Legião de Maria fazia a Via-Sacra nas quartas-feiras, às 15h.
Houve anos em que fazíamos a Via-Sacra na porta de casas previamente designadas do Jardim Induberaba e nos bairros São Cristóvão e Recreio dos Bandeirantes, com os moradores participando, acompanhando as orações e cânticos. Fizemos também na zona rural em uma Capela que pertencia a nossa jurisdição territorial.
Com a ocorrência de muitas chuvas, abolimos essa peregrinação e passamos a realizar as Vias-Sacras somente no espaço litúrgico de nossa paróquia, organizadas pelas pastorais e movimentos.
O Domingo de Ramos tinha seu início ao redor da Praça, com as primeiras leituras, bênçãos dos ramos, antes de adentrarmos a igreja enfeitada para a missa.
Na segunda-feira da Semana Santa, fazíamos a meditação do Terço com as Sete Dores de Maria e na terça-feira, missa dos enfermos e queima dos Santos Óleos.
Uma paraliturgia diferente de tudo que eu tinha participado eram “OS PASSINHOS”: acontecia no entorno da Praça Santa Luzia, onde se montavam cinco altares, com uma tela bem grande onde era reproduzida uma cena da Via-Sacra. Cada pastoral se incumbia de decorar o altar com arranjos de plantas, som, genuflexório.
Em procissão, saíamos da igreja cantando, com a participação de todas as pastorais e movimentos, parando em cada estação onde o sacerdote refletia sobre a cena de cada quadro.
São vivências minhas, mas compartilhadas com toda a comunidade, refletindo o sentido da Quaresma que a cada dia vai sendo esquecido por muitos cristãos.
Neste ano, a Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas, 2 de março de 2022, e termina na Quinta-feira da Semana santa, em 14 de abril de 2022.
Oxalá possamos reviver toda essa programação, apesar do momento atual de pandemia.
Ieda Lúcia Prado Marquez