No Santo com os santos: a festa de Corpus Christi

  A festa de Corpus Christi (Corpo de Cristo) ou Corpus Domini (Corpo do Senhor) é a realização do discurso do Pão da Vida (Jo 6), ao mesmo tempo em que revela ao nosso mundo, agitado pelas conturbações do tempo, a força da Igreja, o povo de Deus que se reúne como corpo de Cristo pela Eucaristia. Ornamentar igrejas e ruas com flores e tapetes, intensa alegria e emocionantes gestos de piedade confunde-se com a reunião de grandes santos, como Tomás de Aquino e Boaventura de Bagnoregio, no conturbado século XIII.

  Em meio às turbulências que a Igreja vivia por causa dos hereges que negavam a presença real de Jesus na Eucaristia, ao afirmarem que era apenas uma representação, Deus se utilizou da jovem mártir Juliana de Cornilon para revelar seu desejo de uma festa para celebrar a santíssima Eucaristia. Visto que a Missa da Instituição da Eucaristia se encerra com a tristeza da paixão e morte do Senhor, a festa de Corpus Christi torna-se um dia em que seu nascente e seu poente focam na luz que brota do Senhor Sacramentado.

 Santa Juliana, após 20 anos, falou sobre essas revelações com o Padre Jacques Pantaleon, que se dedicou incansavelmente, mas nunca conseguiu realizar tal festa. Tendo decorridos os anos, aquele sacerdote tornou-se o Papa Urbano IV, vindo a residir na pequena cidade de Orvieto, ao norte da Itália. Justamente na ocasião em que Santo Tomás de Aquino e São Boaventura estavam presentes, chegou a notícia de um milagre eucarístico na cidade vizinha de Bolsena.

  Um padre da Boêmia (Alemanha) viajava de Praga para a Itália. Ao celebrar a santa missa na tumba de Santa Cristina, na cidade de Bolsena, rezou para Deus ajudá-lo a vencer sua incredulidade na presença real de Cristo. De repente, viu a hóstia consagrada se avermelhar e jorrar sangue em suas mãos, a ponto de se dissolver e respingar pelas escadas do altar até a sacristia, deixando marcas vistas até hoje no mármore.

  Absolutamente inquieto por tão extraordinário acontecimento, aquele sacerdote se dirigiu ao Papa Urbano IV. O sumo pontífice, atordoado pelas notícias que ouvira, ordenou que um grupo de teólogos averiguasse tão sublime acontecimento e trouxesse até ele o corporal encharcado de sangue. Tendo constatado a veracidade do milagre, a comissão pontifícia, liderada por Santo Tomás e São Boaventura, dirigiu-se em grandiosa procissão à cidade de Orvieto, enquanto o próprio Papa, com sua corte, se orientou para o encontro. Ali aconteceu a primeira procissão de Corpus Christi.

  Após aquele sublime milagre de Bolsena, o Papa Urbano IV, no dia 11 de agosto de 1264, decretou, através da bula Transiturus de hoc mundo, a Festa de Corpus Christi, tendo ordenado, ainda, que uma comissão teológica compusesse os textos do novo ofício litúrgico. Segundo alguns historiadores, Santo Tomás de Aquino foi o primeiro a apresentar suas composições, causando tamanha comoção que todos os outros teólogos imediatamente rasgaram seus textos. Do douto Tomás nos vieram hinos como Lauda Sion (sequência da Missa de Corpus Christi), Pange lingua e Adorote Devote.

 Em nossa Arquidiocese de Uberaba, podemos perceber a importância de tal festa em nossos dias. São inúmeras demonstrações de piedade manifestadas em suas diversas expressões, como tríduos eucarísticos, ruas enfeitadas com tapetes de serragens coloridas, símbolos cristãos dispersos pelas cidades e também a instituição e renovação do chamado dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística em várias paróquias.

 Hoje, em nossa Arquidiocese, estamos em vias de um processo de formação para os MECEs, considerando principalmente os últimos documentos da Igreja. Para os próximos meses, realizaremos, por foranias, um momento de convivência e formação missionária para eles, no campo da visita aos enfermos, em comunhão com o Ano Missionário Arquidiocesano. Também nos temos organizado para iniciar formações bíblicas, teológicas e litúrgicas através das mídias sociais. Ainda: aspiramos à formação de uma comissão de Coordenação para num futuro próximo retomarmos a maravilhosa experiência dos Congressos Eucarísticos Arquidiocesanos.

 

Padre Marcos Vinícius Machado

Assessor Arquidiocesano da MECE

 

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