O Irmão da caridade serviçal Frei Gabriel da cozinha, das obras, da obediência e do povo

Frei Gabriel e os frades visitando as familias (Arquivo PROCAMIG)

Irmãos e irmãs: paz e bem!

Continuamos nossa jornada para conhecer Frei Gabriel de Frazzanò. No último artigo vimos que, a partir de 1957, ele passou a residir e trabalhar em Frutal. Das inúmeras atividades e iniciativas de Frei Gabriel em Frutal, conheceremos por partes um pouco da vida e ação do “Irmão de todos” nessa cidade, onde ele ainda hoje é muito estimado e muitas pessoas recorrem a ele, pedindo sua intercessão.

No decorrer dos anos da missão dos frades em Minas Gerais, um acontecimento triste marcou a história dos Capuchinhos. No dia 10 de dezembro de 1966, num desastre automobilístico perto da cidade de Araxá, morreram três frades: o Custódio Frei Deodato de Troina, com 52 anos, Frei Fidelis de Castelbuono, com 42 anos, e Frei Lucas de Coluna, com 32 anos. Este último era brasileiro, recém-chegado de Roma, onde tinha feito o curso de Direito Canônico e já lecionava em Belo Horizonte. Os corpos dos frades foram trazidos para Uberaba e, por via aérea, foram levados a Belo Horizonte, onde estão sepultados.

Frei Gabriel e Frei Felipe de Resutano, vigário de Frutal, vieram a Uberaba, participando da dor que envolvia a comunidade, os Capuchinhos e o pastor da diocese Dom Alexandre. Frei Gabriel seguiu com as três urnas fúnebres para a capital do Estado. Representou nas exéquias a comunidade de Frutal. Nesse drama pungente para os Capuchinhos de Minas Gerais, Frei Gabriel deu um exemplo de grande fé e contagiosa caridade com sua presença em todos os atos.

O sorridente Servo de Deus Frei Gabriel de Frazzanò (Arquivo PROCAMIG)

Para além desta obra de misericórdia corporal, o zelo pastoral de Frei Gabriel em cuidar das iniciativas caritativas e práticas, como a do Asilo “Pio XII”, levou-o, de certo modo, a se ausentar por algumas vezes das atividades da Fraternidade (nome que se dá ao Convento dos Frades). Nem sempre ele conseguia estar na Igreja para as orações e meditação comuns e para as refeições. Contudo, observando a admoestação que São Francisco deixou em seu Testamento de que todo trabalho seja feito sem perder o espírito de oração, Frei Gabriel, como irmão leigo, rezava o Ofício do Pai Nosso e se unia ao espírito de oração com sua Fraternidade e com toda a Igreja.

Podemos encontrar um assentamento no Livro do Tombo da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo em Frutal, datado de 07 de março de 1964, no qual o Ministro Provincial de Messina, na Itália, ao realizar a visita canônico-fraterna, recomenda maior entrosamento de Frei Gabriel em sua Fraternidade. Ele, segundo seu estilo humilde, obedeceu à orientação e cuidou dos afazeres no Convento como, por exemplo, as tarefas de cozinha, de limpeza geral etc.

Frei Francisco Maria de Uberaba, grande amigo de Frei Gabriel, afirmava tê-lo visto no vaivém dos afazeres domésticos em seu convento. Várias foram as vezes em que ele voltava às pressas do Asilo ou de outro local em que tinha ido logo de manhãzinha e já estava na cozinha preparando a refeição simples dos frades, cuidando da casa, da horta e do atendimento às pessoas na porta do Convento. Era o alegre cozinheiro, por amor a Deus e à santa obediência. Arregaçava as mangas do velho hábito capuchinho, colocava seu avental e dava-se ao empenho doméstico de boa vontade.

Antes do Concílio Vaticano II, ocorrido entre 1962-1965, os frades que não eram padres, chamados de Irmãos leigos, assumiam as atividades de manutenção do Convento, sem tanto engajamento no que hoje conhecemos como trabalho pastoral. Na história dos Capuchinhos, podemos encontrar muitos frades santos pelas ruas pedindo esmolas, atendendo na portaria dos Convento, no cuidado com a horta e entre as panelas das cozinhas conventuais. Recordamos aqui um confrade de Frei Gabriel, São Félix de Nicosia, também filho da Província de Messina e canonizado pelo Papa Bento XVI, em 2005. São Félix também era irmão leigo e, dedicando-se a pedir as esmolas pelas ruas e cidades, proclamava o Evangelho, aconselhava e testemunhava uma santidade concreta. Os frades sempre estarão entre a dinâmica da vida conventual e o serviço às pessoas. Frei Gabriel, notando a necessidade social de ajudar, enveredou por esse caminho, não obstante conservando sempre a obediência e a reverência aos Superiores.

Mais tarde, em visita canônica, outro Ministro Provincial, dessa vez Frei Terêncio de Gangi, deixou escrito no mesmo Livro de Tombo, no dia 06 de outubro de 1970, o seguinte relato a respeito de Frei Gabriel:

“É válida a obra assistencial de Frei Gabriel que vem ao encontro das necessidades dos pobres, dos velhos, das crianças e dos doentes. O trabalho traz a marca do amor, do sacrifício e penso que o Senhor o abençoará”.

O entrosamento fundamental entre os frades na Fraternidade em Frutal sempre existiu, pois de outra maneira não teria agido Frei Gabriel. Ele chamava sempre seu Superior para abençoar os doentes, para inaugurar as construções, além de relatar-lhe as ocorrências, as dificuldades e pedir conselhos.

Em vida, Frei Gabriel recebeu alguns reconhecimentos públicos por parte das autoridades de Frutal. Um deles, defronte ao Alvorada Praia Clube, entre as ruas Paul Harris e Tiradentes, existe uma praça com seu nome. Não é uma praça grande, mas é acolhedora e simples com seu verde jardim, canteiros, bancos e sobre uma pedra uma placa de bronze com os dizeres: “Jardim Público – Praça Frei Gabriel – Administração Dr. José Miziara M. Andrade – 04.10.1971”. Portanto, dois anos antes de sua morte e contrariando o jeito modesto e franciscano de Frei Gabriel, eis uma honra pública para confessar um reconhecimento, também público, da cidade de Frutal que tanto foi amada e servida pelo Servo de Deus Frei Gabriel de Frazzanò, “o Irmão de todos”.

Caro leitor, trilhamos um longo caminho neste ano de 2021 conhecendo mês a mês um pouco mais sobre a vida do Servo de Deus Frei Gabriel. Grande é a alegria que nós, Frades Capuchinhos de Minas Gerais, sentimos pelo espaço disponibilizado no Jornal Metropolitano e por estarmos mensalmente trilhando os caminhos da vida do “Irmão de todos”. No próximo ano, 2022, celebraremos um grande jubileu na história de Frei Gabriel. Por isso, convidamos a todos a continuarem conosco e a se unirem a nós, rezando pelo Processo de Beatificação e pedindo a intercessão do Servo de Deus nas dificuldades.

A todos nossos leitores, amigos, devotos e devotas do Servo de Deus Frei Gabriel de Frazzanò, um Feliz e Santo Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo e um Ano Novo abençoado. Nós nos encontraremos em 2022 sob as bênçãos de Deus e a intercessão de Frei Gabriel de Frazzanò.

Paz e Bem.

 

Frei Vicente da S. Pereira, OFMCap

Frei Glaicon G. Rosa, OFMCap

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