Passamos, e muitas pessoas ainda passam, por momentos de turbulências, sejam elas emocionais, sociais, econômicas, religiosas, relacionais, das quais às vezes herdamos cicatrizes. Quantas foram as famílias enlutadas, sofridas e desamparadas, resultantes de um vírus que, mesmo invisível, fez a humanidade sofrer, em especial, no Brasil, sob uma política de saúde marcada pelo negacionismo ou indiferença.
Tal “inimigo invisível”, mas impiedoso nos apavorou com uma multiplicidade de medos. Medo do toque, do abraço, da fala, do encantamento, da saudade e nos levou a tremular nossa esperança na construção de dias melhores. Enfim, tivemos que viver num mundo totalmente desconhecido. Todavia, apesar de tudo, sobrevivemos! E ficou de pé uma questão: será que continuamos as mesmas pessoas? Afinal, cada um sofreu diferentemente suas dores.
Passado um tempo intenso – é preciso dizer, ainda inacabado – no meio de tantas idas e vindas e de profundas reflexões, vamos sobrevivendo, numa hora histórica de renovar nossa esperança no Deus que se tornou humano para se fazer resistente na superação das dores de todos nós, de todas as idades, nacionalidades, raças, gêneros e classes sociais. Enfim, renascemos a cada dia, na esperança de um caminhar solidário ao lado dos que ainda se encontram imersos em suas dores.
É nesse momento de reencontro e de fortalecimento que a Igreja, através de suas pastorais, é convidada a permanecer a serviço de uma sociedade, não só brasileira, mas planetária, que ainda clama por justiça, sob o marco da misericórdia evangélica. Resultado disso, a Pastoral da Educação precisa mais do que nunca, depois de tempos tenebrosos, assumir seu papel e continuar repensando e renovando sempre sua caminhada, pautada em valores éticos e religiosos, dentre eles o bem viver e viver com dignidade. Por conta disso, a Igreja é chamada a ajudar a desenvolver uma educação que valorize a pessoa humana e a fé como alicerce para a construção de um novo tempo e tomara que seja para valer, pós-pandêmico.
É importante deixar claro que fazemos parte da fé católica, mas isso não nos impede de dialogar com todas as religiões, pois, se assim não fizermos, estaremos indo ao desencontro do Evangelho. É neste sentido que os cidadãos, católicos ou não, a partir do diálogo com a Igreja, são convidados a participar de uma Pastoral que visa ao diálogo inter-religioso. E a Pastoral da Educação em Uberaba vive um momento de ampliar essa ação evangelizadora, então, preocupada com a cidadania e os valores humanos como modo de realizar a fé cristã, não acima de outras expressões de fé, mas em união com elas.
É claro que, por outro lado, precisamos fortalecer o catolicismo, propagando-o em todas as instituições de ensino de modo formal ou não formal. E não faltam ações em que todos adquirem enorme importância na vivência coletiva da pastoral, como Cristo nos ensinou: “Ide e ensinai a todos o que Eu vos ensinei”, inclusive e principalmente, no campo da educação e aos pares com valores humanos fundamentais.
Enfim, é como reza uma de tantas letras litúrgicas: “Quando o dia da paz renascer. Quando o sol da esperança brilhar. Eu (nós) vou cantar / Quando o povo nas ruas sorrir e a roseira de novo florir. Eu vou cantar”.
Maria Rita N. Pereira
Pedagoga e Coordenadora da Pastoral da Educação da Arquidiocese de Uberaba