PRIMEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

Caros leitores do Jornal Metropolitano! Ainda nos votos de que todos tenham passado um abençoado Natal e renovado sua fé e esperança para caminharmos neste ano recém-iniciado, queremos concluir os escritos joaninos, como suas Cartas.

Ao concluirmos a reflexão sobre a 1ª Epístola de João, percebemos que a experiência cristã é vista como comunhão de vida divina, especialmente com a vida trinitária. A comunhão brota do amor do Pai que concede o Filho e o Espírito Santo à humanidade. O cristão deve estar aberto a esta ação de Deus. O Evangelho de João recorda o apelo de Cristo a seus discípulos: CRER E AMAR. São exigências fundamentais: viver à luz da fé, rejeitando o erro e o pecado, e amar o próximo. Estas são as condições essenciais de uma autêntica comunhão com Deus, segundo a 1João.

O autor não visa apenas exortar seus leitores a praticar as virtudes ou evitar o pecado e o seguimento da heresia. Sua intenção é conduzir os cristãos a recordarem a grandeza de sua condição de cristãos. O fiel nasce de Deus, habita em Deus, conhece e é chamado a amar Deus. A comunhão de fé é a comunhão na vida eterna. A vida cristã deve espelhar as próprias qualidades de Deus, pois o cristão é filho de Deus e deve estar em comunhão com ele.

João busca ainda lembrar as normas fundamentais da vida cristã. Os leitores devem aceitar o testemunho apostólico como digno de crédito, bem como o testemunho de Deus e a palavra íntima do Espírito Santo. O relacionamento entre os irmãos de fé deve ser pautado e centralizado na caridade. A vida cristã deve ser vivida na prática e não como conhecimento e teoria, ao contrário do que pregam os gnósticos. Viver com Cristo é habitar com Deus, através do Filho e do Espírito Santo. O amor de 1Jo 4 se torna a vivência do mandamento do amor de João 13-17.

SEGUNDA EPÍSTOLA DE JOÃO

Embora seja um escrito anônimo, seu estilo e vocabulário indicam que tenha sido escrita pelo autor do Evangelho de João. O Ancião não significa exatamente um autor específico. Evidências internas também apontam João como o autor, e o antigo testemunho atribui, com unanimidade, a carta a ele. Da mesma forma que a 1ª João, a falta de destinatário e de saudação inicial ou final indicam que a carta foi circular, provavelmente enviada às igrejas da Ásia Menor, na região de Éfeso.

A 2ª João é escrita à “Senhora Eleita” e “seus filhos”. Embora não haja dúvidas de ser uma igreja em particular, a epístola é endereçada a todos. Essa comunidade fiel se encontra ameaçada por pessoas que “não confessam (a fé) em Jesus Cristo encarnado (v.7). Estas pessoas deveriam fazer parte do grupo dos gnósticos. O Ancião conclama os fiéis a se protegerem dos falsos profetas e lhes assegura a necessidade de permanecerem na sã doutrina de Cristo, a terem comunhão com o Pai e o Filho e os proíbe de comungarem com os falsos doutores. A 2Jo volta a frisar o amor como norma de liberdade e prática cristã (2Jo 1.5.6), sem deixar de considerar a necessidade de pureza doutrinária (2Jo 1.7-11). Insiste no amor recíproco como obediência ao novo mandamento de Jesus Cristo.

A 2Jo é considerada como um resumo da 1Jo, muitas vezes considerada como o primeiro esboço da mesma. A finalidade de ambas é a mesma: mostrar que Jesus é o Filho de Deus que se fez homem e que não posso ser cristão só com teorias e palavras, mas na prática da caridade, da promoção da justiça e da paz e na valorização da vida humana.

TERCEIRA EPÍSTOLA DE JOÃO

A 3ª João deve ter sido a primeira das três a serem escritas, antes do surgimento dos falsos profetas e gnósticos. É uma epístola muito curta, com apenas 15 versículos. Ela tem como destinatário Gaio, fiel discípulo de João, homem de uma das igrejas da Ásia Menor, com o propósito de motivá-lo em sua vida cristã. Embora tenha um destinatário específico, o teor da epístola sugere que Gaio representaria toda uma comunidade ou mesmo muitas comunidades.

Essa epístola elenca personagens. Além do próprio autor e de Gaio, dois outros personagens são mencionados na carta: Diótrefes e Demétrio.

Gaio é descrito como um homem generoso e hospitaleiro que dava abrigo ao Missionário em sua casa. Demétrio é mencionado como alguém que ama a verdade e seria um outro membro proeminente da Igreja na Ásia. Já Diótrefes é exposto como um sujeito que cuida de seus próprios interesses e tenta utilizar-se da Igreja local para alcançar o poder. Foi um homem que menosprezou a autoridade do Apóstolo, agindo com orgulho e soberba, causando divisão na Igreja. Cada personagem, Gaio, Demétrio e Diótrefes, sugere um tipo específico de cristão existente dentro das comunidades do fim do I século.

A 3Jo revela a alegria em ver seus “filhos” andarem na verdade (3Jo 1.4). O autor elogia o modelo de cristianismo de Gaio (3Jo 1.3.5-8). Contudo, infelizmente, nas igrejas pode haver o “espírito de Diótrefes”, que equivale ao autoritarismo, arrogância e malícia (3Jo 1.9-10). As exortações práticas da vida cristã das outras duas cartas joaninas estão também presentes na terceira: 3Jo 1.11-12.

Revela a autoridade do Ancião nas comunidades cristãs da Ásia Menor. Não apenas autoridade, mas uma solicitude paterna a exemplo de Paulo com as comunidades fundadas por ele.

 

Padre Marcelo Lázaro Pinto

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