Os olhos das pessoas fitam desejos saudáveis, que ajudam na realização da própria vida. Corrobora com isto quem se esforça para fazer um focado projeto pessoal de conduta, onde são pautadas as ferramentas necessárias para assegurar aquilo que se pretende no hoje e no futuro. Podemos citar como ferramentas uma carreira, a educação, os relacionamentos, a saúde, o crescimento pessoal etc.
Na dimensão da espiritualidade das pessoas não é diferente. Já está impresso no coração humano algo que ultrapassa seus limites terrenos, mesmo que a pessoa não se dê conta desta realidade. Existe uma projeção de eternidade, passível de percepção, que não tem como ser negada. Há um chamado divino, que se abre para a via da plenitude e da realização plena de futuro na face de Deus.
Projetar a vida no caminhar de uma cultura marcada pela duplicidade, de um lado o divino e, de outro, o profano. Então, seja um projeto de escolha, de maduro discernimento entre um e o outro. A realização da pessoa é fruto de determinação realizada no caminho da própria história de vida. Nunca descartar a generosidade de Deus na incapacidade humana de suportar os desafios diuturnos.
Para os cristãos conscientes, existe um projeto inspirador e crucial da fé, visualizado na Ressurreição de Jesus Cristo. Esse caminho significa fixar os olhos e a vida no futuro para motivar as ações do cotidiano. Ninguém é motivado à perfeição sem confiar nos resultados do empenho de hoje. A identidade e confiança no futuro conseguem provocar transformações no momento presente.
Na parábola bíblica dos pescadores experientes (Lc 5,1-11), identificamos um projeto profissional totalmente falido. Pescaram a noite toda e nada apanharam em suas redes. Aparece Jesus e os provoca a lançar as redes de novo e em momento impróprio para a pesca. Deixaram de lado a experiência que tinham e seguiram as palavras do Mestre. As redes voltaram superlotadas.
Todo projeto que organizamos na vida deve ser realizado de forma corajosa, espontânea, com empenho e confiança. O medo e a desconfiança dificultam e impedem a ação desejada. Não foi isto que aconteceu com os apóstolos diante da proposta de Jesus, porque tiveram fé e confiaram nos indicativos do Senhor, de lançar as redes novamente e aconteceu o milagre abundante da pesca.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba