Quaresma e CF 2022

A riqueza da Igreja não está apoiada nos bens materiais e muito menos na questão da prosperidade econômica. Sua maior e desafiante preocupação está em trabalhar para que cada pessoa tenha integridade espiritual e dignidade humana. Ela faz isso nos momentos precisos dos ciclos litúrgicos, momentos fortes de reflexão da Palavra de Deus e sua aplicação concreta na vida da comunidade.

Um dos tempos privilegiados da liturgia é o da Quaresma. São quarenta dias sequenciais de reflexão e processo de conversão pessoal, de mudança de vida em preparação à Festa da Páscoa. Os textos bíblicos desse tempo são motivadores pedagógicos e de impulso provocador de uma nova sociedade, baseada no amor, no serviço concreto e construção de uma nova cultura humana.

Nos últimos tempos, a Quaresma tem sido iluminada com os temas sugeridos anualmente pela Campanha da Fraternidade. Isto significa que o caminho da conversão tem dimensão de totalidade no ser humano, de vida espiritual e de ajustes sociais. Não deixa de ser uma contribuição muito importante para o Estado brasileiro, com discussões pertinentes às dificuldades presentes no meio do povo.

Neste ano, preocupada com o nível educacional no país, a CNBB escolheu como tema “Fraternidade e Educação”, criando espaço de formação e consciência sobre o compromisso que todos nós temos com uma cultura de maior responsabilidade religiosa e social. O lema cita o texto bíblico de Provérbios 31,26, onde o autor sagrado proclama: “Fala com sabedoria, ensina com amor”.

O que acontece é que unimos fraternidade e educação, duas dimensões fundamentais na vida de todos os cidadãos. Jesus foi um grande educador que ensinava com toda sabedoria, autoridade e presença fraterna na vida das pessoas. Não era uma educação intelectualizada, mas cheia de amor e acolhida na comunidade. Todos os mestres do ensino são chamados a seguir o exemplo de Jesus.

Dentro do processo, o educador aprende com o educando e vice-versa. É como o ditado popular: “Ninguém é tão vazio que não tenha nada para dar e ninguém é tão cheio que não tenha nada para receber”. Esta é a dinâmica da Quaresma, em que a valorização das pessoas é colocada em primeiro destaque, como conversão geral e compromisso responsável na caminhada da cultura.

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