RELÍQUIAS DE SANTA TERESINHA: SÓ DEUS BASTA

Rita De Blasiis[1]

 

 

-Só Deus basta?- indagamos à Teresa de Ávila…

Teresinha do Menino Jesus responde: Só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor”[1]

Encontramos essa afirmação sobre a confiança, na carta de Santa Teresinha (17/IX/1896) dirigida à  Irmã Maria do Sagrado Coração e no parágrafo 44 da Exortação Apostólica do Papa Francisco “C’est la confiance”,   destacamos o comentário do Santo Padre sobre a convicção da Santa das Rosas, em relação à confiança:

 

Assim, Teresinha exprimia a sua resposta mais convicta ao dom único que o Senhor lhe estava a oferecer, à luz surpreendente que Deus derramava nela. Desta forma chegava à última síntese pessoal do Evangelho, que partia da plena confiança para culminar no dom total aos outros. Não duvidava da fecundidade desta entrega: «Penso em todo o bem que quereria fazer depois da minha morte»; [70] «Deus não me daria este desejo de fazer o bem sobre a terra depois da minha morte, se não quisesse realizá-lo». [71] «Será como uma chuva de rosas». [72] (FRANCISCO,2023, grifo nosso). [43]

 

No desenvolvimento de sua reflexão sobre a confiança, na perspectiva de Santa Teresinha, o Papa Francisco esclarece que “é a confiança que nos conduz ao Amor e assim nos liberta do temor; é a confiança que nos ajuda a desviar o olhar de nós mesmos; é a confiança que nos permite colocar nas mãos de Deus aquilo que só Ele pode fazer”. Desta maneira, temos acesso “a uma imensa torrente de amor e de energias disponíveis para procurar o bem dos irmãos”. (FRANCISCO, 2023).

Foi exatamente o que ocorreu em Uberaba, todos os devotos e devotas de Santa Teresinha tiveram, com certeza, oportunidade de presenciar e constatar o significado da confiança em Deus e do que é capaz uma presença que, mercê da sua graça, procura o bem dos irmãos.

À observação supracitada, sobre a confiança e a torrente de amor à qual temos acesso, o Papa Francisco acrescenta:

 

[…]no meio do sofrimento dos seus últimos dias, Teresa podia dizer: « Conto somente com o amor». [73] Em última análise, conta só o amor. A confiança faz desabrochar as rosas e espalha-as como um transbordar da superabundância do amor divino. Peçamo-la como dom gratuito, como valiosa prenda da graça, para que se abram na nossa vida os caminhos do Evangelho. (FRANCISCO,2023).

 

A fé de Santa Teresa e a confiança ilimitada na misericórdia infinita de Deus estão expressas por ela mesma no Manuscrito A: «A mim [ Deus] deu-me a sua Misericórdia infinita, e é através dela que contemplo e adoro as demais perfeições divinas. Assim, todas se me apresentam resplandecentes de amor. A própria Justiça (e talvez mais ainda que qualquer outra) me parece revestida de amor». [43]

Conforme comenta o Papa Francisco, essa é  uma das mais importantes contribuições de Santa Teresinha ao Povo de Deus porque, de forma extraordinária, ela “penetrou nas profundezas da misericórdia divina e, de lá, retirou a luz da sua ilimitada esperança”.

Para compreendermos o significado desse movimento interno de confiança que nutre, que ilumina a alma, precisamos meditar sobre o “caminho do amor” que Jesus abre para os pequeninos e os pobres, para todos que assim o desejarem. Segundo Santa Teresinha, o acento não está posto exclusivamente no esforço humano, mas na ação de Deus, da sua graça. Convicta disso, ela afirma:

 

«Sinto sempre a mesma confiança audaciosa de me tornar uma grande Santa, pois não conto com os meus méritos, não tenho nenhum, mas espero n’Aquele que é a Virtude, a própria Santidade. Só Ele, contentando-Se com os meus fracos esforços, me elevará até Ele e, cobrindo-me dos seus méritos infinitos, me fará Santa». [27]

 

No parágrafo 2 da Exortação Apostólica C’est la confiance, o Papa Francisco se reporta às palavras de Santa Teresinha sobre a confiança em Deus e nada mais, como uma síntese da sua espiritualidade, suficiente para justificar o fato de ter sido declarada Doutora da Igreja. O Santo Padre frisa que: “Só a confiança e «nada mais»… Não há outra via que devamos percorrer para ser conduzidos ao Amor que tudo dá. Com a confiança, a fonte da graça transborda na nossa vida, o Evangelho faz-se carne em nós e transforma-nos em canais de misericórdia para os irmãos”. (FRANCISCO, 2023).

Particularmente, após a leitura da Exortação Apostólica C’est La Confiance do Santo Padre Francisco sobre a Confiança no Amor Misericordioso de Deus por ocasião do 150º Aniversário do Nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, nos ocorre uma compreensão do significado da intercessão dos Santos, em especial, de Santa Teresinha.

Se a cofundadora da Ordem das Carmelitas Descalças, Santa Teresa de Ávila, mediante sua vida e sua obra sintetiza, em uma oração, o que é essencial, caracteriza, sustenta, orienta e fortalece o discipulado e a missão do seguidor de Cristo, afirmando que “só Deus Basta”, Santa Teresinha, séculos depois, acrescenta à essa afirmação, sua própria experiência mística que a fez compreender que “só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor”.

Por outro lado, encontramos na oração de Santa Teresa de Ávila, a assertiva: “quem a Deus tem nada falta”. O que significa “ter a Deus” e o que pode nos faltar em virtude da “ausência” de Deus?

Um fio condutor de aprendizagem e de amadurecimento espiritual para a humanidade parece unir estas duas religiosas Santas de nome Teresa, cujas experiências e legado, mediante os exemplos de seguimento do Cristo que nos deixaram, nos convidam a um entendimento singular, a uma tomada de atitude radical. Em síntese, a uma conversão que propicie a nossa transformação de canais receptores, carentes do amor de Deus, de quem,  em verdade, nós é  que nos ausentamos, em canais transmissores deste amor mediante a nossa manifestação misericordiosa no mundo, sob o influxo divino.

A passagem das Relíquias de Santa Teresinha por Uberaba teve esse dom, tanto de convocação para nos aproximarmos da Misericórdia Divina, expressa por meio de sua presença humilde, pequenina, perseverante e, sobretudo confiante, quanto de solicitação silenciosa que vinha dos seus restos mortais lacrados na abençoada e bela urna.

“Vejam,  – ela parecia nos dizer- , o que não realizei em vida, faço agora: tocar o coração de cada um com a ponta dos dedos e pedir que creiam, que confiem em Deus que tudo pode apesar daquilo que ainda somos. Das migalhas do nosso amor imaturo e por vezes tão egoísta e da nossa confiança, Ele faz a estrada que nos leva até Ele, à compreensão, à experiência do amor que se sacrifica pelos irmãos e nos faz conhecer as alegrias eternas e puras de seu Reino”.

Victor Codina, em sua obra “Não extingais o Espírito” (1Ts 5,19): Iniciação à Pneumatologia, nos diz:

 

Este Espírito de lahweh é aquele que, segundo Ezequiel em sua visão dos ossos ressequidos, vivifica os mortos e os faz sair das tumbas, imagem da reconstrução do povo de Israel (Ez 37). O mesmo Ezequiel havia profetizado que lahweh orvalharia seu povo com água pura e infundiria seu Espírito, o qual transformaria os corações de pedra em corações de carne, novos (EZ 36,26). O Espírito é o que sempre gera vida, vida cósmica, vida interior, vida eterna.(CODINA, 2012,  p. 304).

 

Este último excerto de Victor Codina, nos auxilia no entendimento de que “ter Deus” é confiar em Deus, confiar em que tudo passa, mas, Ele permanece; é  ter essa paciência cotidiana de amar, confiando em Deus, nas pequeninas coisas do dia a dia, nas relações cotidianas e nos grandes e dolorosos momentos de dor ou de realizações felizes, que nos advém da sua infinita misericórdia como aprendizagens da vida que flui em sua direção. É assim que não se turba nem se espanta o coração que confia no Amor de Deus, mas caminha sempre e caminha junto com seus irmãos.

Talvez se diga, mas por que Deus escolhe algumas pessoas para partilhar através delas a sua misericórdia? Para que elas sirvam de exemplo e inspirem os sedentos do Amor Divino? Qual seria a determinante desta escolha? Ocorre-nos que são elas desprovidas de autoridade mundana, muitas vezes até, de lastro intelectual ou acadêmico. No entanto, não são desprovidas do desejo de servir a Deus, servindo a seus irmãos, nem se dedicam ao exercício da impiedade que impõe duras condições para que as pessoas se aproximem do Senhor, se arrependam e recebam o perdão e a graça de sua misericórdia. Os escolhidos são tão somente aprendizes com ardente desejo de aprender, de se transformarem e de auxiliarem seus irmãos mediante a partilha do que buscam e encontram, mercê desta mesma misericórdia que a Deus pertence e somente a Deus, que a concede segundo seu critério, sua lógica, sua própria natureza.

A manhã do dia seguinte à partida das Relíquias de Santa Teresinha nos surpreendeu com uma chuva que caiu literalmente do Céu, após uma longa e penosa estiagem na cidade de Uberaba. Aqueles que puderam contemplar, no amanhecer, essa suave, delicada chuva tão mansa, certamente sentiram uma espécie de júbilo espiritual. Ela parecia cobrir toda a cidade com pétalas de rosa, ocultas em cada pingo d’agua, transmitindo a serena beleza e a bondade sempiterna do Amor de Deus. Sim, só Deus basta, mas Ele não se basta. Não precisa, mas quer o nosso amor para com nossos irmãos e para com Ele e toda a sua criação. É sua Sagrada Face que assim se recompõe e é como se nos tornássemos crianças à feição do Menino Jesus, que cuida das coisas que são do seu Pai.

Que a nossa gratidão por essa chuva de rosas que caiu sobre nós nesses três dias, 7, 8 e 9 de agosto, nos impulsione e de alguma forma nos fortaleça no propósito de sustentar esse laço fraterno de amor que precisamos estreitar para que Jesus permaneça em nós e nós todos, n’Ele. Sem nos olvidarmos de que a chuva de rosas se derramou sobre justos e injustos para que as sementes do Evangelho germinem nos corações, oremos para que cresçam e frutifiquem.

 

Rita De Blasiis

Uberaba, 14 de agosto de 2024.

 

 

[1] Carta 197, À Irmã Maria do Sagrado Coração (17/IX/1896), in Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, Obras Completas. Textos e últimas palavras, Edições Carmelo – Avessadas 1996, p. 569.

 

[27] Manuscrito A, 32vº: o. c., 119.

 

[43] Manuscrito A, 83frt: o. c., 214.

 

[70] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (13/VII/1897): o. c., 1161.

 

[71] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (13/VII/1897): o. c., 1161.

 

[72] Últimos colóquios. Caderno Amarelo (13/VII/1897): o. c., 1161.

 

[73] Carta 242, À Irmã Maria da Trindade (06/VI/1897): o. c., 620.

 

 

Referência Bibliográfica

 

CODINA, Victor.“Não extingais o Espírito” (1Ts 5,19): Iniciação à Pneumatologia. São Paulo: Paulinas, 2010, p. 304..

 

FRANCISCO. Exortação Apostólica C’est La Confiance do Santo Padre Francisco sobre a Confiança no Amor Misericordioso de Deus por ocasião do 150º Aniversário do Nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face (15 de outubro de 2023).Disponivel em:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/-20231015-santateresa-delbambinogesu.html . Acesso em: 13 ago. 2024.

 

[1] Pedagoga, Me. em Educação.

 

 

 

RELIQUIAS DE SANTA TERESA: SÓLO DIOS BASTA

 

Rita De Blasiis[1]

 

 

– ¿Sólo Dios basta? – le preguntamos a Teresa de Ávila…

Teresita del Niño Jesús responde: Sólo la confianza y nada más que la confianza puede llevarnos al Amor”. [1]

Esta afirmación sobre la confianza la encontramos en la carta de Santa Teresa (17/IX/1896) dirigida a Sor María del Sagrado Corazón y en el párrafo 44 de la Exhortación Apostólica del Papa Francisco “C’est la confianza”, destacamos el comentario sobre la convicción de Santa de las Rosas, con relación a la confianza:

 

Teresita expresó así su respuesta más convencida al don único que el Señor le ofrecía, a la luz sorprendente que Dios derramaba sobre ella. Llegó así a la última síntesis personal del Evangelio, que partía de la plena confianza para culminar en la donación total a los demás. No dudó de la fecundidad de esta dedicación: “Pienso en todo el bien que me gustaría hacer después de mi muerte”; [70] “Dios no me daría este deseo de hacer el bien en la tierra después de mi muerte, si no quisiera realizarlo”. [71] “Será como una lluvia de rosas”. [72] (FRANCISCO,2023, énfasis añadido). [43]

 

Al desarrollar su reflexión sobre la confianza, desde la perspectiva de Santa Teresa, el Papa Francisco aclara que “es la confianza la que nos lleva al Amor y así nos libera del miedo; es la confianza la que nos ayuda a apartar la mirada de nosotros mismos; Es la confianza que nos permite poner en manos de Dios lo que sólo Él puede hacer”. De esta manera, tenemos acceso a “un inmenso torrente de amor y energía disponible para buscar el bien de nuestros hermanos”. (FRANCISCO, 2023).

Eso es exactamente lo que sucedió en Uberaba, todos los devotos de Santa Teresita ciertamente tuvieron la oportunidad de presenciar y ver el significado de la confianza en Dios y de lo que es capaz una presencia que busca el bien de sus hermanos.

A la observación antes mencionada, sobre la confianza y el torrente de amor al que tenemos acceso, el Papa Francisco añade:

 

[…] en medio del sufrimiento de sus últimos días, Teresa pudo decir: «Sólo puedo contar con el amor». [73] En última instancia, sólo el amor cuenta. La confianza hace florecer las rosas y las esparce como un desbordamiento de la sobreabundancia del amor divino. Pidámoslo como don gratuito, como don valioso de gracia, para que los caminos del Evangelio se abran en nuestras vidas. (FRANCISCO,2023).

 

La fe y la confianza ilimitada de Santa Teresa en la infinita misericordia de Dios son expresadas por ella misma en el Manuscrito A: «A mí [Dios] me dio su infinita Misericordia, y es por ella que contemplo y adoro las demás perfecciones divinas. Así, todos me parecen resplandecientes de amor. La justicia misma (y quizás incluso más que cualquier otra) me parece revestida de amor”. [43]

Como comenta el Papa Francisco, esta es una de las contribuciones más importantes de Santa Teresa al Pueblo de Dios porque, de manera extraordinaria, “penetró en las profundidades de la misericordia divina y, de allí, sacó la luz de su esperanza ilimitada”.

 

 

Para comprender el significado de este movimiento interno de confianza que nutre, que ilumina el alma, es necesario meditar en el “camino del amor” que Jesús abre a los pequeños y a los pobres, a todo aquel que lo desee. Según Santa Teresa, el énfasis no se pone exclusivamente en el esfuerzo humano, sino en la acción de Dios, de su gracia. Convencida de ello, afirma:

 

«Siento siempre la misma confianza audaz de llegar a ser una gran Santa, porque no cuento con mis méritos, no los tengo, sino que espero en Aquel que es la Virtud, la Santidad misma. Sólo Él, contento con mis débiles esfuerzos, me elevará hacia Él y, cubriéndose de sus infinitos méritos, me hará Santa”. [27]

 

En el párrafo 2 de la Exhortación Apostólica C’est la confianza, el Papa Francisco se refiere a las palabras de Santa Teresa sobre la confianza en Dios y nada más, como síntesis de su espiritualidad, suficiente para justificar el hecho de que fuera declarada Doctora de la Iglesia . El Santo Padre subraya que: “Sólo confianza y “nada más” … No hay otro camino que debamos tomar para dejarnos llevar al Amor que todo lo da. Con la confianza, la fuente de la gracia se desborda en nuestra vida, el Evangelio se hace carne en nosotros y nos transforma en canales de misericordia para nuestros hermanos”. (FRANCISCO, 2023).

En particular, después de leer la Exhortación Apostólica C’est La Confiance del Santo Padre Francisco sobre la confianza en el amor misericordioso de Dios con ocasión del 150° Aniversario del Nacimiento de Santa Teresa del Niño Jesús y de la Santa Faz, llegamos a una comprensión del significado de la intercesión de los santos, especialmente de santa Teresa.

Si la cofundadora de la Orden de las Carmelitas Descalzas, Santa Teresa de Ávila, a través de su vida y obra resume, en una oración, lo esencial, que caracteriza, sostiene, orienta y fortalece el discipulado y misión del seguidor de Cristo, afirmando que “Sólo Dios basta”, Santa Teresita, siglos después, añade a esta afirmación su propia experiencia mística que le hizo comprender que “sólo la confianza y nada más que la confianza puede llevarnos al Amor”.

Por otro lado, encontramos en la oración de Santa Teresa de Ávila la afirmación: “al que a Dios tiene nada le falta”. ¿Qué significa “tener a Dios” y qué nos puede faltar debido a la “ausencia” de Dios?

Un hilo conductor de aprendizaje y maduración espiritual para la humanidad parece unir a estas dos Santas religiosas llamadas Teresa, cuyas vivencias y legado, a través de los ejemplos de seguimiento de Cristo que nos dejaron, nos invitan a un entendimiento único, a una acción radical. En definitiva, a una conversión que permita pasar de canales receptores, carentes del amor de Dios, de quien, en verdad, somos nosotros los que estamos ausentes, a canales transmisores de este amor a través de nuestra manifestación misericordiosa en el mundo, bajo la influencia divina.

El paso de las Reliquias de Santa Teresita por Uberaba tuvo este don, tanto como un llamado a acercarnos a la Divina Misericordia, expresado a través de su presencia humilde, pequeña, perseverante y, sobre todo, confiada, como como una petición silenciosa que vino de sus restos mortales sellados en la bendita y hermosa urna.

“Miren – parecía decirnos -, lo que no logré en la vida, lo hago ahora: tocar el corazón de cada persona con la punta de mis dedos y pedirles que crean, que confíen en Dios que todo lo puede a pesar de todo lo que nosotros aún somos. De las migajas de nuestro amor inmaduro y a veces egoísta y de nuestra confianza, Él hace el camino que nos lleva a Él, a la comprensión, a la experiencia del amor que se sacrifica por nuestros hermanos y nos hace conocer las alegrías eternas y puras de Su Reino”.

Víctor Codina, en su obra “No apagéis el Espíritu” (1 Tes 5,19): Iniciación a la Neumatología, nos dice:

 

 

 

Este Espíritu de Yahvé es quien, según Ezequiel en su visión de los huesos secos, resucita a los muertos y los saca de los sepulcros, imagen de la reconstrucción del pueblo de Israel (Ez 37). El mismo Ezequiel había profetizado que Yahvé rociaría a su pueblo con agua pura e infundiría su Espíritu, que transformaría los corazones de piedra en nuevos corazones de carne (EZ 36,26). El Espíritu es lo que genera siempre la vida, la vida cósmica, la vida interior, la vida eterna (CODINA, 2012, p. 304).

 

Este último fragmento de Víctor Codina nos ayuda a comprender que “tener a Dios” es confiar en Dios, confiar en que todo pasa, pero Él permanece; es tener esta paciencia diaria de amar, confiando en Dios, en las pequeñas cosas de la vida cotidiana, en las relaciones cotidianas y en los grandes y dolorosos momentos de dolor o logros felices, que nos llegan de su infinita misericordia como aprendizaje de la vida que fluye en nosotros. Así es como el corazón que confía en el Amor de Dios no se turba ni se asusta, sino que siempre camina y camina junto a sus hermanos.

Tal vez se diga, pero ¿por qué Dios elige a algunas personas para compartir su misericordia a través de ellas? ¿Para que puedan servir de ejemplo e inspirar a los sedientos del Amor Divino? ¿Cuál sería el determinante de esta elección? Se nos ocurre que están desprovistos de autoridad mundana, a menudo incluso de lastre intelectual o académico. Sin embargo, no están exentos del deseo de servir a Dios, sirviendo a sus hermanos, ni se dedican al ejercicio de la impiedad que impone duras condiciones para que las personas se acerquen al Señor, se arrepientan y reciban el perdón y la gracia de su misericordia. Los elegidos son sólo aprendices con un deseo ardiente de aprender, de transformarse y de ayudar a sus hermanos compartiendo lo que buscan y encuentran, gracias a esta misma misericordia que es de Dios y sólo de Dios, que la concede según su criterio, su lógica, su propia naturaleza.

La mañana del día después de la salida de las Reliquias de Santa Teresita nos sorprendió con una lluvia que literalmente cayó del cielo, después de una larga y dolorosa sequía en la ciudad de Uberaba. Quienes pudieron contemplar, al amanecer, esta lluvia suave, ciertamente sintieron una especie de alegría espiritual. Parecía cubrir toda la ciudad con pétalos de rosa, escondidos en cada gota de agua, transmitiendo la serena belleza y la eterna bondad del Amor de Dios. Sí, sólo Dios es suficiente, pero Él no se basta. Él no lo necesita, pero quiere nuestro amor por nuestros hermanos y por Él y toda Su creación. Es su Sagrado Rostro el que así se recompone y es como si nos convirtiéramos en niños a imagen del Niño Jesús, que cuida de las cosas que pertenecen a su Padre.

Que nuestro agradecimiento por esta lluvia de rosas que cayó sobre nosotros en estos tres días, 7, 8 y 9 de agosto, nos impulse y de alguna manera nos fortalezca en el propósito de sostener este vínculo fraterno de amor que necesitamos fortalecer para que Jesús permanece en nosotros y todos nosotros, en Él. Sin olvidar que la lluvia de rosas fue derramada sobre justos e injustos para que las semillas del Evangelio germinen en sus corazones, oremos para que crezcan y den fruto.

 

Rita De Blasiis

Uberaba, 14 de agosto de 2024.

 

 

[1] Carta 197, A Sor María del Sagrado Corazón (17/IX/1896), en Santa Teresita del Niño Jesús y de la Santa Faz, Obras Completas. Textos y últimas palabras, Ediciones Carmelo – Avessadas 1996, p. 569.

 

[27] Manuscrito A, 32vº: o. c., 119.

 

[43] Manuscrito A, 83frt: o. c., 214.

 

[70] Últimas conversaciones. Cuaderno Amarillo (13/VII/1897): o. c., 1161.

 

[71] Últimas conversaciones. Cuaderno Amarillo (13/VII/1897): o. c., 1161.

 

[72] Últimas conversaciones. Cuaderno Amarillo (13/VII/1897): o. c., 1161.

 

[73] Carta 242, A sor María de la Trinidad (VI/06/1897): o. c., 620.

 

 

Referencia bibliográfica

 

CODINA, Víctor “No apaguéis el Espíritu” (1 Tes 5,19): Iniciación a la Neumatología. São Paulo: Paulinas, 2010, pág. 304.

 

FRANCISCO. Exhortación Apostólica C’est La Confiance del Santo Padre Francisco sobre la confianza en el amor misericordioso de Dios con motivo del 150 Aniversario del Nacimiento de Santa Teresa del Niño Jesús y de la Santa Faz (15 de octubre de 2023). Disponible en:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/-20231015-santateresa-delbambinogesu.html. Consultado el: 13 de agosto. 2024.

[1] Pedagoga, Me. en Educación.

Compartilhe: