A Ressurreição de Jesus está no centro da doutrina da fé e da teologia cristã, inclusive fazendo parte da profissão de fé, do Credo, quando ali proclamamos: “Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, conforme as Escrituras”. Compreendemos então que após a morte na cruz, na sexta-feira da semana santa, no domingo, Jesus voltou à vida e se manifestou aos apóstolos e aos discípulos.
Após a morte na cruz, Jesus é ungido e sepultado, colocado num túmulo novo, oferecido por José de Arimateia. Durante quarenta dias ele apareceu aos seus primeiros seguidores, em inúmeras ocasiões, antes de voltar para a casa do Pai. Esse fato é celebrado pelos cristãos, em todos os tempos, no Domingo da Páscoa, que corresponde, mais ou menos, a Páscoa dos Judeus.
A fé dos cristãos é consolidada, tendo como base o fato da ressurreição do Senhor. Talvez até pudéssemos pensar que isso significa realização da plenitude da Aliança travada entre Javé e Abraão, lá no Antigo Testamento. Deus vem ao encontro das pessoas para levá-las ao encontro com Ele. Na Ressurreição acontece a realização do plano de Deus, salvar a humanidade.
A historicidade da ressurreição é contestada por estudiosos, mas sem fundamentação concreta nos princípios da fé. Ali está a motivação da fé dos cristãos, para o crer e trabalhar no processo de libertação, que nada mais é do que caminho de salvação em Deus. Ressuscita todo aquele que persevera na esperança e transforma suas fraquezas e negligências em experiência de vida.
A nova cultura precisa ressuscitar de suas cinzas, de suas fraquezas, para superar as práticas de mortes violentas e do pavor provocado pelo medo generalizado acontecido com tanta frequência na atualidade. Deixamos de ser humanos e fraternos com as ações constantes de desumanidade. Com isto, as consequências são de infelicidade, tornando a vida cada vez mais difícil e irrealizada.
Ainda é tempo de desejar uma Feliz e Santa Páscoa. Como é bom viver a harmonia, a convivência e o respeito mútuo. A intenção da ressurreição de Jesus Cristo, feito de modo obediente e consciente diante da permissão do Pai era para valorizar o sentido da vida e do bom relacionamento na humanidade. Ainda há muito tempo para a recuperação da dignidade da pessoa humana, imagem do Criador.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba