Revista Solidariedade, fruto do Ano Arquidiocesano da Caridade

  A Comissão de Ação Transformadora Social assumiu o pensar e o realizar o Ano da Caridade em nossa Arquidiocese de Uberaba, neste ano de 2022. Dentre as iniciativas previstas, a Revista Solidariedade, que começa a ser construída, quer mostrar tudo aquilo que é feito no âmbito do serviço social ou da promoção humana pela Igreja em nossa Arquidiocese. Busca-se, com esta publicação, não um momento de exaltação, o que seria contrário ao Evangelho, mas um dar a conhecer este trabalho diuturno, intenso, gratuito e generoso, realizado por muitas mãos que servem por entender, a partir de Jesus Cristo, que é próprio do ser cristão pôr a vida a serviço. Neste artigo, queremos colocar algumas colaborações que nos ajudam a compreender o trabalho social em nossa Igreja Católica.

  Dom Adelar Baruffi, Bispo de Cruz Alta, nos faz refletir sobre os seguintes aspectos:

  “Jesus Cristo compreendeu sua missão, como ungido pelo Espírito Santo para evangelizar os pobres (cf. Lc 4,14-20). “Ele sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados.” (Oração Eucarística VI D). Seria uma contradição gritante seguir a Jesus Cristo e não ter um coração misericordioso.

  Tudo na vida da Igreja tem a marca espiritual. Por isso, tantas vezes se afirmou que não somos uma ONG ou uma obra de beneficência. Quando alguém se dispõe a integrar um grupo de ação caritativa ou se inserir numa pastoral que está do lado dos excluídos para, com eles, tomar consciência de seus deveres e direitos através das políticas públicas, se for autêntico, o fará por causa de sua fé porque consegue ver nos irmãos, sobretudo no pobre, o rosto de Cristo sofredor. Por isso, normalmente são ações que não aparecem nas notícias. Outro elemento importante é que a maioria das obras de caridade dos católicos não são contabilizadas. São anônimas, como nos ensina o Evangelho (cf. Mt 6,3).

  Foi afirmado que a Igreja Católica, presente em todo território nacional, tem “um exército de caridade”. Estas pessoas estão ligadas a dioceses, paróquias, congregações religiosas, associações, novas comunidades e institutos. “Junto com as 21 Pastorais Sociais estruturadas nacionalmente, as Obras Sociais da Igreja chegam à somatória de 499,9 milhões de atendimentos a cerca de 39,2 milhões de pessoas e aproximadamente 11,8 milhões de famílias” (Fonte: Site CNBB). Os dados são da pesquisa sobre a Ação Social da Igreja no Brasil, encomendada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) à Fundação Grupo Esquel Brasil (FGEB), cujo presidente, o cientista social Silvio Sant’Ana, foi o responsável por organizar os dados no relatório.  A pesquisa se desenvolveu no campo ocupado por duas instâncias institucionais muito próprias no contexto eclesial: as “Obras Sociais” e as “Pastorais Sociais”. (cf. <https://www.cnbb.org.br/pesquisca-cnbb-igreja-no-brasil-tem-exercito-de-caridade-dedicado-a-acoes-sociais>). Não estão contabilizadas as ações das congregações religiosas, presentes em nosso território, nas áreas da saúde e educação. “As dimensões destes trabalhos são gigantescas e seguramente distorceriam os resultados quando mesclados com iniciativas menores”, explica Sant’Ana. “As Pastorais Sociais realizaram, em 2014, 106,4 milhões de atendimentos. São 8,9 milhões de pessoas atendidas e 2,7 milhões de famílias. A cobertura nas dioceses do Brasil tem destaque pela presença da Pastoral da Criança, na totalidade das Igrejas Particulares do Brasil”, num total de 277 circunscrições eclesiásticas.

  O tamanho e a permanência das ações são marcantes. E “isso não é instantâneo. Isso é todo dia, ano após ano” (Sílvio Sant´Ana). E a motivação, diz o pesquisador, é por causa da fé. “Não é porque o Estado não faz ou não está presente. É porque as pessoas são movidas a realizar o mandato de sua fé.” Esse texto foi extraído na íntegra de: https://www.cnbb.org.br/a-acao-social-da-igreja-2.

  Ainda sobre a questão das obras sociais, podemos refletir a partir de um texto disponível no site dos Agostinianos Recoletos:

  “Quando Jesus nos chama a amar o próximo como a nós mesmos, no Evangelho de Mateus (Mat 22, 39), Ele nos deixa clara a necessidade de que voltemos nosso olhar aos outros de maneira amorosa. Nesse sentido, entendemos a importância de verdadeiramente viver este pedido de Jesus, de buscar sermos caridosos como o Mestre. No Evangelho, podemos testemunhar os diversos momentos em que o Cristo nos chama à doação. Nos pede para que não nos apeguemos aos bens materiais, mas olhemos com compaixão ao próximo e o ajudemos. As obras sociais na igreja são, então, a concretização deste pedido do Senhor. São a expressão da bondade e compaixão que é gerada por Deus em nossos corações. A Igreja Católica traz consigo desde seus primórdios as obras de caridade, e podemos enxergar nos santos a vivência autêntica dessa virtude. Os hospitais, orfanatos, asilos e escolas espalhados em todos os continentes nos mostram que a Igreja é a maior instituição de caridade no mundo. Jesus nos chama a servir o próximo, nos convida a viver uma vida de simplicidade. Precisamos buscar, então, viver essa compaixão e oferta de maneira concreta, doando e auxiliando ações sociais da Igreja da maneira que podemos. Quando doamos, enxergamos o próprio Cristo em nosso irmão.” Este texto foi extraído na íntegra de: https://psmleblon.com.br/leia-um-pouco-mais-sobre-a-importancia-das-obras-sociais-dento-da-igreja.

  Já Gisa Prado traz um resgate bíblico e histórico sobre a perspectiva, o cuidado com as obras sociais e, também, a busca da caridade promovida pela Igreja Católica, desde os primórdios:

 “A Carta de São Tiago traz uma frase que é dita há séculos.  Trata-se de um sinal de clamor pela caridade e pela conversão e que motiva os projetos sociais de toda a Igreja Católica. Ele afirmou: “a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma” (Tg 2,14-17).

  O próprio Jesus fez da caridade um novo mandamento. “Este é meu preceito: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12).

  Desse modo, a Igreja ensina que a caridade é uma das virtudes teologais (fé, esperança e caridade). Diz o catecismo que é “pela qual [caridade] amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus” (CIC 1822). Por sua vez, a Palavra de Deus a cita como o “vínculo da perfeição” (Cl 3,14)

  Eis a importância dos projetos sociais no anúncio querigmático da Igreja!

 A palavra caridade vem do latim caritas, que significa uma comoção por ajudar a alguém. Contanto que sem interesse, ou seja, sem a busca de retorno.

  A Virgem Maria é, para o católico, modelo da fé e da caridade (cf. CIC 967). Afinal, ensina isso quando, grávida, subiu às montanhas para levar ajuda a sua prima Isabel, que recebeu a graça de ser mãe já em idade avançada.

  Caridade, maior lei social

 A Igreja busca levar para Deus e para o amor fraterno os bens deste mundo. Estes são meios de fortalecer a caridade e construir um ambiente justo e fraterno (cf. CIC 2401). Afinal, o princípio da caridade, “também enunciado sob o nome de «amizade» ou de «caridade social», é uma exigência direta da fraternidade humana e cristã” (CIC 1939).

 Além disso, “a caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar e eleva-a à perfeição sobrenatural do amor divino” (CIC 1827). Desse modo, é mais um motivo pelo qual os projetos sociais são de grande importância ao falar de Deus.

 A caridade do cristão aparece, sobretudo, na partilha dos bens, porém não apenas nisso, mas também “no esforço por uma ordem social mais justa, em que as tensões possam ser resolvidas melhor e os conflitos encontrem mais facilmente uma saída negociada” (CIC 1940).

 O Catecismo ainda aponta que os problemas socioeconômicos só terão uma solução com a união de todos: “solidariedade dos pobres entre si, dos ricos com os pobres, dos trabalhadores entre si, dos empresários e empregados na empresa; solidariedade entre as nações e entre os povos” (CIC 1941).

  Os projetos sociais da Igreja Católica

  Há muitos que dizem por aí que a Igreja possui riquezas para si. Acusam de não considerar as pessoas que passam fome mundo afora ou perdidas à própria sorte.

  Contudo, não sabem que, através de uma lei divina de amar o próximo, a Igreja Católica possui inúmeros projetos sociais.

  No entanto, a caridade praticada pela Igreja é sempre gratuita, totalmente sem interesse. Esta é a diferença diante de caridade praticada por outros grupos que esperam algum retorno, como fama, por exemplo.

  O Anuário Estatístico da Igreja traz relatórios a respeito dos projetos sociais que ajudam milhões de pessoas que são atendidas de maneira gratuita entre idosos, órfãos, doentes e outros.

   Confira os dados apresentados em 2020:

  • 034 hospitais na América, na África, na Ásia, na Oceania e na Europa;
  • 627 instituições voltadas para atender pacientes pobres nos cinco continentes, sendo a maior parte na África, América e Ásia;
  •  611 casas de cuidado de leprosos, sobretudo na Ásia e África;
  • 518 casas para idosos, doentes crônicos e deficientes, a maior parte na Europa e América;
  • 770 orfanatos em todo o mundo, sendo 3.900 só na Ásia;
  • 082 jardins de infância com maior número na Ásia e América;
  • 391 consultórios matrimoniais, na maior parte na América e Europa;
  • 896 centros de educação e reeducação social;
  • 256 instituições de outro tipo.

  Projetos Sociais: O movimento de Ozanam, modelo de fé praticada

  Grandes santos da Igreja Católica viveram a prática da caridade.

  Santo Agostinho, além de socorrer os pobres, fundou um hospital para peregrinos e resgatou escravos.

  No século IV, São João Crisóstomo fundou diversos hospitais de caridade.  São Cipriano de Cartago e Santo Efrém, juntos, criaram diversos projetos sociais em tempos de fome e epidemias.

  Santa Madre Teresa de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres também estão na imensa lista daqueles que não mediram esforços para praticar a fé em obras.

  Não podemos deixar de falar dos Vicentinos, fundada na França em 1833. A Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP) surgiu a partir do desejo de um grupo de jovens, entre eles o beato Frederico Ozanam. Seu desejo era colocar em prática sua fé. De que maneira? Ajudando os desprezados pela sociedade.

  O nome para o movimento foi inspirado em São Vicente de Paulo. Um santo que, em seu tempo, praticou sem limites a caridade entre os pobres.

  Hoje, presente pelo mundo inteiro, e há mais de um século no Brasil, os Vicentinos são leigos, homens e mulheres. Com seu trabalho, dão testemunho da misericórdia e do amor do próprio Cristo em seus projetos sociais.

  A SSVP atua provendo alimentos, roupas e remédios, etc. em momentos difíceis. Desse modo, também tornando possível meios de promoção das pessoas, buscando ajudá-las a se recolocar na sociedade. Além disso, promove a oração com seus atendidos, gerando a fé em seus corações.

  A iniciativa da SSVP vai ao encontro do que a Igreja ensina: “A virtude da solidariedade vai além dos bens materiais. Ao difundir os bens espirituais da fé, a Igreja favoreceu, por acréscimo, o desenvolvimento dos bens temporais, a que, muitas vezes, abriu novos caminhos” (CIC 1942).

  Conclusão

  Amar o próximo é algo inseparável do amor a Deus. Quem ama o próximo alcança os frutos da caridade: “a alegria, a paz e a misericórdia” (cf. CIC 1829).

  Para fortalecer o anúncio querigmático, não basta promover um encontro com o amor de Deus. Afinal, Jesus nos pediu: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36).

  É necessário, portanto, ajudar para que o fiel realize o desejo do Senhor. Sendo assim, participando de projetos sociais, seja com a partilha de bens ou trabalho de suas próprias mãos.” Esse texto foi extraído na íntegra de: https://www.dominuscomunicacao.com/projetos-sociais.

  Por fim, Victor Hugo Barros traz um pouco sobre os feitos pelo Santuário Nacional de Aparecida:

 “caridade nunca deve ser um gesto isolado. Ela deve marcar o jeito de ser cristão. São Lucas, quando fala nos Atos dos Apóstolos sobre a identidade cristã, afirma que as primeiras comunidades perseveravam na oração, no ensinamento dos apóstolos, e repartiam entre si seus próprios bens. Esta é a beleza do Cristianismo: repartir não apenas o supérfluo, mas o essencial”, afirma o reitor do Santuário Nacional, padre Eduardo Catalfo.

  Seguindo essa máxima, a Igreja Católica se configura hoje como a maior instituição de caridade do mundo. De acordo com os dados do Anuário Estatístico da Igreja de 2021, a entidade mantém no mundo 258.706 instituições caritativas.

  Só no Brasil, as Obras Sociais da Igreja chegam a quase 500 milhões de atendimentos a cerca de 39,2 milhões de pessoas e aproximadamente 11,8 milhões de famílias. Os dados são resultado da pesquisa sobre a Ação Social da Igreja no Brasil, encomendada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) à Fundação Grupo Esquel Brasil (FGEB).” Este texto foi extraído na íntegra de: https://www.a12.com/santuario/imprensa/releases/ensinada-por-cristo-caridade-e-marca-da-igreja-no-mundo.

  Concluindo, dizemos que:

  A Equipe responsável pela construção da Revista Solidariedade pede a todos e, de um modo especial, aos párocos, diáconos permanentes, religiosos e religiosas, membros das Novas Comunidades, membros da Renovação Carismática, Delegados das Pastorais e Delegados Paroquiais que respondam ao questionário proposto para que o segundo passo na construção da Revista possa ser dado: que é o contato com os presidentes, coordenadores ou responsáveis pelos serviços sociais ou de promoção humana em todo o ambiente da Arquidiocese.

CADASTRO DOS SERVIÇOS SOCIAIS OU DE PROMOÇÃO HUMANA

1 – Existe algum Serviço Social ou da Promoção Humana ligados diretamente a sua Paróquia?

SIM                 NÃO

2 – Caso sim, queira nos informar:

– Nome da Instituição

– Nome do(da) Presidente ou do (da) Coordenador(a)

– Tipo de serviços prestados

– Endereço

– Contatos (telefone/celular/whatsapp)

E-mail

– Telefones

 

3 – Em sua Paróquia existe algum Serviço Social ou de Promoção Humana do qual sua Paróquia é parceira, oferecendo ajuda financeira ou assistência espiritual?

SIM                 NÃO

 

* Caso sim, queira nos informar:

– Nome da Instituição

– Nome do(da) Presidente ou do (da) Coordenador(a)

– Tipo de serviços prestados

– Endereço

– Contatos (telefone/celular/whatsapp)

E-mail

– Telefones

  Como pedimos acima, tenham a bondade de nos responder até o dia 15 de outubro, encaminhando as respostas para pascom.ura@gmail.com.

  Em um terceiro passo, divulgaremos o modo pensado para que o financiamento da revista seja possível. Assim, contamos com a colaboração de todos para que a Revista Solidariedade possa, de fato, mostrar todo o trabalho feito, tanto fora da Igreja quanto em seu interior, todo o serviço social ou de promoção humana que é realizado. Contamos com a colaboração de todos.

Mons. Valmir Ribeiro

 

 

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