Quem está a caminho deve ter presente aonde quer chegar. Para o cristão, ao receber o Sacramento do Batismo, é como um novo horizonte, porque abre o caminho a ser percorrido, e é como fronteira que marca um antes e um depois, na vida da pessoa. Assim foi o batismo de Jesus Cristo, por João Batista, nas águas do Rio Jordão. Aí Jesus começa a missão de proclamar a Palavra do Pai.
A humanidade trabalha, diuturnamente, construindo sua história e passa por diversos caminhos, por desafios pontuais, mas não pode perder o rumo, os seus objetivos, que são a realização do bem e da ordem, apoiada na justiça e na prática do amor. Os desafios devem ser assumidos por todos, cada pessoa com seus limites, fraquezas, mas também virtudes. Nada está definitivamente acabado.
Estamos ainda influenciados pelo clima natalino. É o projeto de Jesus que atravessa a história e atinge o coração das pessoas. Para o Papa Francisco, ao publicar a Encíclica “Dilexit nos”, amou-nos, a humanidade está perdendo a sensibilidade do coração. Significa não ter percepção clara da presença de Deus na vida pessoal. Isso explica por que do nível de violência estar tão alto e generalizado no mundo.
Toda essa realidade exige das pessoas, principalmente de quem é cristão, expressar e colocar em prática sua identidade e missão, começando pela vontade que brota do coração, para prosseguir no caminho de construir uma sociedade realmente nova, marcada pelo bem comum, pela justiça, pela libertação e a dignidade de todos. Só assim é possível entender o verdadeiro sentido da vida.
O compromisso e o caminho, que devem ser feitos por todos aqueles que foram batizados, são exigentes, porque supõem doação, desprendimento de todo tipo de egoísmo e individualismo, para praticar o verdadeiro amor ao irmão. Esse é o projeto de vida assumido e realizado plenamente pelo Mestre Jesus, servindo de modelo missionário para todos os seus seguidores na vida cristã.
Parece que o mundo está vivendo numa crise profunda de fé. Por causa disto, muita gente faz uma trajetória mergulhada em realidades acidentais e secundárias, descartam o essencial e ficam numa vida vazia. A consequência primeira é a falta de esperança, de confiar num mundo futuro melhor. Deixa de lutar para construir, prejudica a coletividade e paralisa os objetivos projetados.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba