O jubileu é tradição profundamente enraizada na história da fé cristã, remontando às práticas antigas do povo de Israel. Ele representa um tempo especial de graça, de perdão e de renovação espiritual. Em cada jubileu a Igreja nos convida a fazer um mergulho mais profundo na experiência da misericórdia divina, oferecendo a oportunidade de reavaliarmos nossas vidas e de reconciliação.
É momento de reavaliar nosso compromisso com Deus, com o próximo, e também com o mais profundo seguimento do Evangelho de Jesus Cristo. Esse fato, no Antigo Testamento, era celebrado no período de cinquenta em cinquenta anos. Conforme descrito no livro do Levítico, o Ano Jubilar era um tempo de libertação de tudo que impede a vida e de proximidade de Deus.
Nesse tempo, as dívidas eram perdoadas, os escravos eram libertados e a terra voltava para seus proprietários originais. Por isto que o termo “jubileu” vem da palavra “júbilo”, que se relaciona a uma corneta, que anunciava o “ano da graça do Senhor” (cf. Lv 25,8-17). Na consciência do povo daquele tempo, o Jubileu era fundamental para recobrar as forças e projetar novo ânimo de caminhada.
Era tempo de alegria, de gratidão, de graça, como explica o Papa São João Paulo II: “O jubileu é um tempo providencial que, por sua própria natureza, convida à alegria e à esperança” (Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente). Através deste tempo especial, a Igreja nos convida a experimentar, de maneira mais profunda, a misericórdia de Deus.
O Papa Francisco, ao convocar o “Jubileu da Esperança”, nos chama-nos a viver, de maneira especial, um caminho de renovação como peregrinos de Esperança: “Todos esperam. No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expetativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã (…) Que o Jubileu seja para reanimar a esperança!” (Bula, Spes non confundit).
Ao vivenciar o perdão e a graça de Deus de maneira tão intensa, somos encorajados a renovar a confiança em Deus e a aprofundar nossa união com Ele. A confissão sacramental, tão incentivada durante o jubileu, se torna um caminho concreto de reconciliação, que deve inspirar a caridade e a prática de uma fé mais comprometidas com as exigências da cultura moderna.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba